De: Pedro Menezes Simões - "Gestão Regional do Aeroporto"
Há questões em que devíamos todos estar de acordo, de Norte a Sul. A questão da gestão regional do Aeroporto Francisco Sá Carneiro (ASC). A gestão regional do ASC permite introduzir concorrência na gestão das infraestruturas aeroportuárias em Portugal. Isto tem vantagens tanto para a região Norte, como para a região de Lisboa.
Vantagens da concorrência para os cidadãos Lisboetas:
- - Redução das taxas aeroportuárias
- - Melhoria da gestão aeroportuária e qualidade de serviço (nomeadamente as perdas de malas)
- - Aumento do número de turistas na região (via redução de taxas e melhoria do serviço)
- - Redução do número de voos de interligação (i.e. que não tem por objectivo a ligação a Lisboa, mas a outra cidade), aumentando a disponibilidade para voos que servem os lisboetas e os estrangeiros que querem visitar Lisboa
- - Fim da subsidiação a uma infraestrutura deficitária (ASC).
Vantagens da concorrência para os cidadãos Nortenhos:
- - Adequação (redução) das taxas aeroportuárias ao nível de utilização do aeroporto (40%).
- - Aumento do número de ligações, reduzindo a situação periférica da região.
- - Aproveitamento de todas as externalidades da infraestrutura, nomeadamente no turismo, podendo aumentar o PIB da região até 1,5%, com a actual capacidade instalada (3%-5% com expansões).
- - Reforço do potencial do eixo Aveiro-Viana como plataforma logística do Noroeste Atlântico.
- - Aumento da atractividade da região como destino de negócios.
- - Transformação do ASC numa infraestrutura superavitária.
- - Rentabilização da ligação Porto-Braga-Vigo.
Aparentemente, na gestão regional do ASC existiria um senão para os nossos conterrâneos lisboetas: a ANA de facto privilegia o aeroporto de Lisboa. Como? A ANA pratica taxas altas em Lisboa, para rentabilizar fortemente este aeroporto. Para não perder tráfego neste aeroporto, aplica as mesmas taxas ao aeroporto mais próximo (ASC), garantindo assim que quem quiser voar para Portugal (ou para fora) paga uma elevada maquia. Sendo o ASC um aeroporto menos atractivo em termos de localização, acaba por perder passageiros. Mais, tendo apenas uma taxa de ocupação de 40%, deveria praticar um preço mais reduzido, por forma a optimizar a ocupação.
Em que beneficia isto os lisboetas? Em nada. Em que beneficiam os lisboetas de pagar taxas mais elevadas? E não perdemos todos por ter menos turismo? Não ficamos todos mais periféricos? É isto que está em questão na gestão regional do ASC. E é por isso que não faz sentido não estarmos todos a lutar pelo mesmo.
Mas isto não fica por aqui. O Governo prepara-se para privatizar a ANA, criando assim um monopólio privado. Se numa empresa pública existe alguma preocupação de moderação nos preços, por uma questão de serviço público, no monopólio privado isso não existe. O resultado será igualmente catastrófico para ambas as regiões, que serão estranguladas pela prática de taxas aeroportuárias ainda mais elevadas.
Qual o impacto para o Norte da não gestão regional do aeroporto? Vamos a umas contas simples, tendo em conta o potencial da criação de uma base da Ryanair no ASC.
- - Aumento do número do passageiros: + 2.000.000 passageiros.
- - Gastos por passageiro / estadia: 125€ (valor reduzido tendo em conta os gastos dos turistas nos últimos anos)
- - Aumento anual das receitas regionais: +250 Mio €
- - Aumento anual das receitas do Estado (impostos): +50M€
- - Incremento anual do PIB regional: + 0,5%
Eis o que nos pode custar uma decisão desfavorável...
Originalmente no Norteamos.
Cumprimentos,
Pedro Menezes Simões