De: David Afonso - "A caminho da irrelevância"
1. Queria dizer que a Casa do Livro, ocupando o espaço devoluto onde funcionou uma excelente casa livreira justamente chamada Casa do Livro (onde poderíamos encontrar, por exemplo, algumas edições espanholas), terá mais a ver com copos do que com livros. A livraria propriamente dita morreu muito jovem apesar do esforço por se afirmar no espaço cultural portuense. Eu ainda lá fiz grandes achados. Ficou a carcaça que foi agora ocupada por um bar que teve a lata de manter o mesmo nome. Os livros só aparecem por lá a título decorativo e bem trancados nos armários - não vá alguém os ler ou qualquer coisa assim. Em todo o caso, toda esta cautela parece-me escusada porque ninguém teria pachorra para ler uns velhos números da revista Ecclesia ou as obras completas de Maximo Gorki. Só numa biblioteca de aparato comprada ao quilo é tal encontro poderia suceder.
2. Como se não bastasse, o novo centro comercial na Baixa do Porto – o Porto Gran Plaza – abriu sem o único trunfo que poderia ter: os cinemas. Sem as salas inicialmente previstas estamos perante mais um clone e ponto final. É espantoso como o promotor trocou os cinemas por um health club da Virgin. Vai bem este Porto vai. Uma cidade que repudia as livrarias e os cinemas em favor de um culto esteticista é uma cidade a caminho da irrelevância. Brindemos pois a isso!
PS: E parece que os cinemas do Bom Sucesso também têm os dias contados…
3. Caro dr. Rui Rio
Ponha os olhos nisto: uma Câmara Municipal atreveu-se a convidar os cidadãos a participarem na elaboração das Grandes Opções do Plano para o orçamento de 2008 abrindo para isso um período informal de consulta popular. Não, não se trata de um devaneio esquerdista, mas de uma sábia decisão de Hélio Maia que preside a uma coligação CDS-PSD em Aveiro. Será um portuense menos cidadão que um aveirense? Será Hélio Maia menos presidente que Rui Rio?
David Afonso
davidafonso @quintacidade.com