De: Cristina Santos - "Cimo de Vila"

Submetido por taf em Sexta, 2007-11-09 14:14

Gaveto Praça da Batalha - Rua de Cimo de Vila

Obras em Cimo de Vila

Esquina com Travessa de Cimo de Vila - Teatro S.João


Cimo de Vila é talvez a rua mais antiga da Cidade do Porto. Hoje é uma rua multicultural, mas é uma rua pacífica, onde Paquistaneses, Marroquinos, Indianos, Chineses e Portuenses se entendem, e juntos lutam no dia a dia.

Talvez as mulheres desta cidade não saibam, mas nesta rua é possível comprar as melhores pedras para colares, com todos os acessórios possíveis e imaginários, acreditem que lojas conceituadas, compram lá as matérias-primas. Tem a casa Crocodilo onde todos os cabedais têm reparação. Tem mercearias de «paquistaneses», armazéns repletos de comidas esquisitas para a nossa cultura e cafés onde se vende pita-shoarma. Imensas lojas com artigos alusivos aos clubes, ourivesarias de qualidade. Também tem pequenas casas de «luz vermelha», mas sem aparatos. Claro está que é preciso passar lá várias vezes para perceber o estado dos edifícios, o envelhecimento das pessoas, o aspecto dos estrangeiros, só dá vontade de fugir e na fuga ninguém percebe o que por lá se passa.

Não há publicidade, no que concerne aos bens de primeira necessidade para estrangeiros, só os próprios sabem que ali se vende. Nós, os de cá, limitamo-nos a ver descarregar caixas e caixas de carne seca, bacalhau esquisito e outros ingredientes. É normal entrar nessas lojas específicas e o vendedor estar a ler o Corão, mas não se assustem são pacíficos. Os paquistaneses são o surto mais recente, trazem toda a família para cá e os jovens falam correntemente inglês. Alugam as casas por bons preços, não usam móveis e quando os visitamos para controlar o estado das habitações, querem oferecer comida e bebida; quanto a mim estão integrados e sossegados. Há vários anos que por lá passo, nunca vi um incidente que envolvesse um estrangeiro, geralmente envolve é ciganos, ou portuenses.

Cimo de Vila explora um nicho de mercado nacional e estrangeiro, desde feiras, a vendedores ambulantes, a lojas de renome, como Lacoste, Benetton. Ali se põem muitas etiquetas, se cosem muitas roupas, se exportam e compõem vários colares, jóias, bijutarias que vemos no shopping. Tudo pequeno, muito artesanal, sem grandes posses, por exemplo o material oficial do Sporting ou do FCP, vendido para todo o país, em Cimo de Vila, Loureiro e Chã é mais barato. Aparentemente o estado de degradação engana, mas há muitos comerciantes de Braga, Viana, Vila Real ou Montalegre a abastecer em Cimo de Vila.

Esta rua tem mais movimento que a maioria das ruas desta cidade. Terrorismo é deixar cair fachadas, telhados e prédios que já nem os «Marroquinos» querem alugar, isso sim, é um terrorismo grave.