De: TAF - "Que chatice, inventaram a Internet!"
A vida assim deixa de ter piada. Aquele prazer de estar mais de meia hora à espera que comece o debate. O gáudio de constatar que a Secretária de Estado (Ana Paula Vitorino) foi convidada mais ou menos por engano, porque afinal a tutela do Aeroporto não compete a ela no Governo. O deleite de a ouvir discorrer interminavelmente sobre o que lhe aprouve escolher, confortavelmente apoiada num powerpoint mal concebido. O fascínio de observar um moderador (Rui Rio) que não a interrompeu porque estava a fazer o papel de "jornalista imparcial, que deixa falar as pessoas".
E depois o debate, sim, o debate! Cada um a falar para seu lado, ou porque não têm a informação toda, ou porque não a conseguem obter, ou porque ninguém lhes pergunta nada, ou porque não são eles que têm que a pedir, ou porque afinal não percebem muito do assunto, ou porque já têm muitos anos disto e daquilo. Imperdível!
A propósito, sabiam que os estudos das ligações ferroviárias estão todos disponíveis para consulta remota? Basta ver aqui como estão todos, todos, todos, não falta mesmo nada... A não ser, claro, os que são grandes demais e não dá para colocar online. Que ao que parece são quase todos. Bom sinal, devem ser de facto grandes estudos, orgulham certamente Portugal!
Agora arruinaram este património, com estas modernices da net, da banda larga e dos blogs!
Já se pode não perder tempo com debates em auditórios com o soalho a ranger (bela reabilitação). Já não há ficheiros grandes demais (também inventaram a compressão de imagens, malvados). Já se consegue ser mais sintético e rigoroso, escrevendo a opinião e publicando-a num qualquer blog (já viram, as afirmações ficam registadas, imagine-se!). Já se pode dar remotamente resposta a dúvidas que existam e, mais grave, essa resposta pode ser consultada por qualquer pessoa. Pior: e as jantaradas com o séquito? Passando a não se justificar a presença física e simultânea de tanta gente, com o argumento (consta que verdadeiro) de que acaba por ser melhor o debate remoto com as ferramentas que agora existem, o que resta?
Ai futuro negro, ai triste fado!...