De: Rui Encarnação - "Agora é que (alguns) começam a perceber... se quiserem!"
Desculpe Tiago, mas não percebo qual a parte da “história do Rivoli, SRR (segundo Rui Rio)” que não percebe.
A CMP, e o seu presidente, decidiram que o Rivoli não poderia ser gerido por uma entidade com ligações ao sector público (porque a Culturporto era uma associação sem fins lucrativos detida na quase totalidade pela CMP) e deveria, sim, ser gerida por privados, por forma a atrair mais público e não ter tantos custos; daí que anunciaram ir concessionar a exploração do Teatro.
A CMP, e o seu presidente, mais o conjunto de pessoas que disseram integrar uma comissão de avaliação, fizeram um simulacro de consulta pública a várias entidades e, sem pré-anunciar critérios de decisão e avaliação, decidiram atribuir a concessão da exploração do Teatro ao Sr. La Feria por um período de 4 anos, renovável ad eternum, e com direitos de indemnização para o dito produtor em caso de rescisão antecipada.
A CMP e o seu presidente foram avisados, alertados, incomodados e informados quer que a forma escolhida para a concessão era errada – porque necessitava de concurso público – quer que o procedimento escolhido tinha sido executado com a mais lamentável e gritante parcialidade, falta de critério e equidade. A CMP e o seu presidente não deram ouvidos, insultaram quem se opôs a tal decisão, e levaram-na por diante. Assim, a CMP decidiu celebrar um contrato de concessão de exploração com o Sr. La Feria por 4 anos e por causa dele extinguir a Culturporto.
Depois, porque o PS e a Plateia (que foi concorrente na consulta pública) interpuseram providências cautelares e acções para anular a tal consulta pública, a CMP e o seu presidente deram o dito por não dito. Isto é, faltando à palavra e omitindo as deliberações municipais por eles próprios aprovadas, travestiram (faltando uma vez mais à verdade) o que era uma concessão num espaço livre para quem quisesse exibir peças de teatro e espectáculos e que não era gerido por ninguém, muito menos pela CMP!?
Depois, passou a exibir espectáculos no Rivoli uma empresa gerida por uma senhora chamada Ermelinda que, pelos vistos, é amiga do Sr. La Feria, pois ele é que dá conferências de imprensa e diz que é o autor/ produtor/ encenador/ outras coisas mais dos espectáculos que agora – desde Junho – lá se exibem. Agora, a CMP afirma, pela voz do seu Presidente, uma outra coisa diferente. Diz que é a CMP que gere o Teatro, convidando e acolhendo no Teatro o Sr. Féria. Passe a incorrecção/mentira do acolhimento do Sr. La Feria – pois só o poderá ser em relação à Dª Ermelinda e à sua sociedade unipessoal de responsabilidade limitada – a CMP e o seu presidente assumiram, finalmente, que é a CMP que gere o teatro Rivoli.
Apesar da gestão camarária anunciada ser quase risível, face à apropriação que o Sr. La Feria fez daquela casa que é nossa – dos tripeiros – a verdade, purinha, é que antes – no tempo da Culturporto – o Teatro tinha ao seu serviço profissionais competentes e capazes que, evidentemente, implementavam a política cultural que a CMP definia. Agora, o teatro é gerido por gente que não gosta de Teatro e que não tem qualquer competência específica e técnica para o fazer. E mais, é gerido directamente pela coisa pública que, como o Dr. Rui Rio acredita e apregoa, é ineficiente e incapaz de gerir o que quer que seja. Lamento, finalmente, dar razão ao Dr. Rui Rio. Ele é, efectivamente incompetente para e incapaz de gerir o Rivoli.
E como sucede em qualquer má gestão, escusa-se a apresentar contas e socorre-se do pior que encontra para manter a “casa” a funcionar. Esgrimindo os 80 mil espectadores do Rivoli La Feriano para parolos verem, pois não nos deu as contas do quanto foi preciso gastar, e por quanto ficarão, essas 80 mil almas que por lá passaram. Olvidando que Serralves conseguiu em 3 dias ter tanta gente como o Rivoli em 4 meses! E o mais fantástico é que em Serralves estavam os maltrapilhos e os artistas dos 20 espectadores de audiência. E que em 3 jogos no Dragão se excedem a 80 mil almas do Sr. La Feria. E que qualquer cortejo da Queima das Fitas, qualquer corrida de aviões, popós antigos ou novos, de cavalos, galgos ou outros animais engraçados alcança e ultrapassa as 80 mil alminhas de assistência. Tudo isto como se a animação da cidade e da Baixa, a revitalização da Baixa e do Porto, a dinâmica cultural, quer na assistência a espectáculos, quer na produção cultura, quer nas saídas profissionais para quem trabalha nessa área – ou mercado, para os mais liberais – se medisse e reduzisse a números de pessoas!!!
Por isso, meu caro Tiago, é fácil de perceber! O Dr. Rui Rio meteu a foice numa seara que, para além de ser alheia, nem sequer conhecia. E, por isso, geriu à boa moda portuguesa – à vista - aquilo que é de nós todos. Mas, meu caro Tiago, não espere que se retirem consequências de tudo isso. É a política!