De: Artur Ribeiro - "Porto: Se esta cidade fosse minha..."
De passagem virtual sobre a cidade do Porto e acabado de chegar da rua Cândido dos Reis, em visita à iniciativa “Se esta rua fosse minha...”, dou comigo a pensar do que seria desta cidade se não houvesse vontade de mudança quer dos agentes culturais, de alguns políticos e de alguns agentes económicos. Esta cidade foi esquecida nos últimos anos pelos sucessivos governos, perdeu população para a periferia e comercialmente também parou no tempo, por alguma inércia de alguns comerciantes e da Associação que os representa.
Vamos ser optimistas! A revitalização da Baixa está em marcha, o eléctrico está de volta, as fachadas estão a ficar com cara lavada, a reconstrução de alguns quarteirões já é uma realidade… estas são algumas das razões porque nos devemos unir em prol de uma cidade cheia de vida, uma cidade limpa, moderna e com actividades culturais capazes de tirar as pessoas de casa. Para isso vamos precisar de mais empenho da Câmara Municipal, do Turismo, das associações de restauração e bares (honras sejam feitas a esta última pela iniciativa já em marcha), e de todos os comerciantes e seus colaboradores que trabalham nesta cidade.
Aproveitando a abertura para breve de mais uma unidade comercial em plena baixa da cidade, o PORTO PLAZA, entendo que é altura de se pensar em alargar o conceito a toda a zona de Santa Catarina e ruas circundantes, criando assim um verdadeiro shopping ao ar livre, com os mesmos horários, as mesmas regras (unidades de gestão), em prol do desenvolvimento do comércio desta cidade. Se hoje quando precisamos de comprar “algo fora de horas” temos que nos deslocar à periferia da cidade, temos agora a oportunidade de no “coração do Porto” encontrar uma grande zona comercial e de lazer, que funcionaria em pleno se alargassem a oferta a todas as lojas das ruas mais próximas.
Numa primeira fase os comerciantes das ruas Santa Catarina e Sá da Bandeira deverão pensar numa estrutura a colocar na frontaria das lojas a exemplo do FORUM DE AVEIRO, de forma que o público possa estar protegido do mau tempo e permitindo a entrada da luz e do sol. Há anos que defendo esta solução para todas as ruas de maior concentração comercial, uma forma de ultrapassar os dias de Inverno, fixando a clientela que parte à procura de espaços mais abrigados.
Há ainda a questão a limpeza e da segurança. Ambas acabam por estar ligadas, basta reactivar em força os guardas-nocturnos e o vandalismo tende a diminuir ou mesmo a acabar. Chega de grafites em tudo que é parede, de floreiras com latas, chega de caixas vazias à porta das lojas, de cartões esticados nas soleiras das portas, que irão fazer de cama a alguns sem-abrigo. Se cada um zelar pela sua entrada, se todos zelarem pela sua rua, tudo funciona bem. A segurança existe se houver movimento de público, se houver actividade nas ruas, há vinte anos raro era o café que fechava às 20 horas, os cinemas e os teatros traziam pessoas à Baixa, espreitavam-se as montras, a cidade ia dormir só a partir das 24 horas.
Vamos todos trabalhar para que esses anos de animação e comércio voltem às ruas da nossa cidade. Com algum sacrifício, com lojas “arejadas” e com comerciantes dinâmicos, acredito que ainda é possível a sobrevivência de uma classe, não nos deixando cair para segundo plano, aquilo que alguns tentam há anos.
Artur Ribeiro
Comerciante – Cedofeita
a.ribeiro@cdgo.com