De: Miguel Oliveira - "Barcelonizar o Porto"
Olá, raramente participo, mas observo quase diariamente as entradas neste blog. Penso que (como todos concordarão) o Porto é uma cidade com muito potencial. Nos últimos anos tem sofrido um grande crescimento, principalmente através dos transportes / infra-estruturas, e agora caminha cada vez mais para a "internacionalização" da cidade, através de uma política de captação de mais turistas e de eventos que captem mais visibilidade à cidade.
A meu ver, o Porto tem oportunidades únicas que não deve desperdiçar. Por exemplo para exponenciar o turismo, sendo um dos seus slogans "cidade das pontes", é inadmissível que quer do lado da CMP, como do lado da CMG, não se tenha apoiado os projectos de pontes pedonais modernas sobre o Douro, quer a ponte do Adão Fonseca, ou como mais recentemente o projecto de construção da nova ponte pênsil. O que os turistas gostam é exactamente desta mistura de arquitectura contemporânea com o antigo, tão frequente por esta Europa fora. Além disso não estão à espera que o Porto fique parado no tempo pois não? Pergunto se valerá a pena a CMP gastar muito $ em circuitos automóveis e aéreos, ou seja eventos temporários, em vez de apostar em obras que marquem permanentemente todo o skyline de uma cidade.
Outro assunto: a meu ver é inadmissível que a parte ocidental da cidade não tenha metro. O metro, e a construção da Linha da Boavista, é essencial. Porquê?
- 1- O Governo está disposto a construí-la na 2ª fase (e isso acaba com o argumento de ser a opção mais cara), tal como é vontade de Rui Rio.
- 2- Passa simplesmente por ponto de importância turística máxima na cidade, como vários hotéis, escritórios, Estádio do Bessa, Fundação Serralves, Parque da Cidade, Castelo do Queijo (ligação com a Marginal e Oceano Atlântico). Além de ser um próprio incentivo à fixação de mais equipamentos deste tipo.
- 3- Outro meio de transporte, tipo eléctrico, não faz sentido porque o metro já desempenha essa solução em quase toda a sua rede, além de este meio de transporte ficar fora da rede "standard" do metro.
Peço-vos para aderirem a esta opção. De que vale ter ligações aos arredores, se dentro da própria cidade a cobertura é insuficiente? Além disso, não ficava óptimo o metro com a Casa da Música por detrás? Seria excelente… que imagem mais moderna!
Outro ponto importante é a visibilidade económica da cidade. A vitalidade de uma cidade depende muito da sua força económica. Só muito recentemente tem ocorrido uma terceirização na AMP. Julgo porém que não existe uma aposta forte na AMP em parques empresariais. Deste modo, e tendo em conta que na AMP existem das melhores faculdades e quadros do país, há que dar condições para as empresas fixaram-se na AMP. Empresas que tendo no Porto a sua sede, poderão servir de base para todo o Noroeste Peninsular (atenção que o Porto é também a capital geográfica da Portugaliza).
Ora e que melhor maneira de fazer isto? Pessoalmente seria através da construção de um arranha-céus, entre 40/50 andares, de resto uma tendência europeia e ibérica (ver torre Agbar em Barcelona ou Cuatro Torres Business Area em Madrid). Em Espanha, e em cidades médias espanholas, como Bilbao ou Sevilha, já é comum aparecerem projectos deste tipo, entre 25 e 40 andares. Poderia ser o início da criação de um cluster "high rise" no Porto, com a construção de um arranha-céus, que poderia ser financiado entre várias entidades empresarias locais (SONAE, MILENNIUM, etc) e eventualmente apoiado pela CMP, onde estas empresas instalariam aqui as seus escritórios, poupando nos custos actuais das suas vastas instalações. Este cluster poderia começar a ser instalado na Avenida da Boavista ou na nova zona moderna das Antas, zonas de resto propícias para a construção em altura, fora do centro histórico do Porto. Ter-se-ia que mudar o PDM? Em algumas zonas claro... mas este não é nenhuma "vaca sagrada" e tem que existir para ajudar ao desenvolvimento da cidade. Paremos de vez com as hipocrisias e fundamentalismos quando se fala em PDM´s...
Esta seria uma forma de percebermos que o Porto tem realmente algo a dizer, na criação da uma bipolarização forte, crescente e saudável entre Lisboa e Porto. Com este conjunto de obras, e na óptica dos lisboetas (algo a que os portuenses se comparam muito), começariam a ser vistos de outra forma, digo eu que vivo na capital e sei do que falo. Gostava que o presidente da CMP visse a minha opinião… já que o vereador também cá vos visita frequentemente... quem sabe. Precisamos de um Porto forte para construir uma real concorrência com Lisboa.
Cumprimentos
Miguel Oliveira