De: Alexandre Burmester - "Finalmente os Eléctricos"
Em 1990 estive nos EUA em S. Francisco, e fiquei pasmado com a utilização dos eléctricos locais, a sua funcionalidade e as suas particularidades que o transformam numa das principais imagens de marca da cidade. Ao voltar escrevi um artigo no Jornal Público, chamando a atenção para as possibilidades de utilização dos nossos eléctricos, que se encontravam em desaparecimento, e que para além de serem um transporte limpo, era também uma imagem de marca da cidade, e que bem podia ser compatível com as zonas centrais e pedonais. Vieram em resposta os STCP, alegando que gostavam muito dos eléctricos, mas que iriam fazer um Museu.
Em 2001, quando da Capital da Cultura surgiu de novo a hipótese de utilização dos eléctricos, traçaram-se e construíram-se linhas, que infelizmente outras políticas (?) vieram como sempre dizer que estava tudo mal e até as chegaram a retirar. Hoje mudaram-se as linhas, tornou-se a fazer o que já estava pensado e feito, obviamente com as alterações que se justificam para criar mais gastos, e dar razão aos actuais argumentos em detrimento de outras cores políticas. Mas finalmente estão implantadas e vão começar a funcionar.
Muitas vezes aqui tenho dito e repetido que a implantação dos eléctricos seria uma das muitas acções que contribuirão e de que maneira para a reabilitação da Baixa. Existem actualmente diferentes pólos comerciais e de serviços, que se encontram desligados entre si. Como exemplo pode-se facilmente compreender a falta de continuidade entre a zona de Cedofeita, com Almada, e desta com Santa Catarina e Batalha. A ligação possível entre estes pontos daria a possibilidade de continuação de seus usos. O prolongamento destas com Gonçalo Cristóvão e Constituição, e daqui para o lado Oriental; ou ainda para Rua da Boavista e Rotunda. O Eléctrico, melhor do que qualquer outro transporte, estabelece uma ligação à escala e à velocidade do uso da Rua e dos espaços públicos.
Ainda bem que estão de volta, quero lá saber quanto custa a sua manutenção e o seu consumo. Seja pago ou de graça (preferencialmente pelo menos nesta fase) servirá não só os cidadãos nas suas deslocações, mas ainda como imagem da cidade do ponto de vista turístico. O Eléctrico trará uma mais-valia difícil de contabilizar, mas sem dúvida muito superior ao seu custo.
Os comerciantes, ou a D. Laura, é que não têm qualquer sentido comercial.