De: Luís de Sousa - "A Sul do Porto"
É hoje notícia nos meios de comunicação social a decisão da Câmara de Lisboa de iniciar o processo para a organização de um concurso internacional de ideias para o planeamento e requalificação do Parque Mayer, para o qual já existe uma proposta do arquitecto Frank O. Gehry que poderia ser sem sombra de dúvidas não só um contributo importante para uma maior e melhor vivência dos Lisboetas daquele espaço, mas também uma nova atracção para potenciais visitantes da cidade, pela singularidade dos objectos arquitectónicos propostos.
Mesmo achando uma oportunidade perdida de ter uma obra deste arquitecto no nosso país, temos que nos congratular pelo facto de surgir finalmente uma mudança de postura do dirigismo local em relação à arquitectura e ao desenho urbano dos seus espaços, permitindo a livre concorrência entre arquitectos e premiando estes não pelo seu prestígio, mas pela qualidade do seu trabalho. Resta-nos esperar que este concurso não possua um regulamento que induza as propostas a serem meras operações de restauro do edificado, mas que em vez disso exaltem os Arquitectos a serem críticos, incisivos, criativos e claros locutores da contemporaneidade através do acto de projectar.
Espero que esta que me parece ser uma iniciativa positiva da Câmara de Lisboa seja seguida pela sua homóloga do Porto, onde a história recente demonstra que a abertura de concursos internacionais de arquitectura é um acto problemático que facilmente tem sido superado pela opção da encomenda a arquitectos mais, ou menos, prestigiados que por norma dão legitimidade aos autarcas para as suas intervenções urbanas.
Cumprimentos
Luís de Sousa