De: David Afonso - "Aliados, Flores e Mouzinho"
1. Ao consultar a Acção Administrativa Especial da Campo Aberto, APRIL e GAIA contra o IPPAR, o Ministério do Ambiente, o Município do Porto e a Metro do Porto deparei, no ponto 52, com um facto que desconhecia e que me deixou indignado: o estudo elaborado por Álvaro Siza para a Avenida dos Aliados era «constituído por uma curta memória justificativa (não mais do que uma página), por uma planta de apresentação e algumas fotografias de várias praças de diferentes países»! Como é possível? Às vezes dou por mim a pensar se não seria mais urgente exigir o dever da arquitectura em vez de exigir o direito à arquitectura. Que diabo! Estamos a falar da principal praça da segunda cidade do país! Um pouco mais de consideração, p.f.f.!
2. Quem parece não estar com meias medidas são os nossos amigos espanhóis e parece que estão dispostos a tudo em defesa do Passeio do Prado. Apesar de Espanha ter entrado no clube da democracia depois de Portugal, aprendeu depressa e já nos dá lições: o alcaide de Madrid, sob pressão da opinião pública, propôs a abertura de um período de discussão pública extraordinário de modo a escutar e a debater a opinião de todos e não fez a coisa por menos: mais seis meses! Por cá, o alcaide prefere importar modas espanholas mais antigas, tipo caudilhistas. Mas de um caudilhismo que bebeu na fonte de Pilatos.
3. Por falar nestas coisas: um dia destes estava no Café Guarany e cometi a indiscrição de escutar a conversa do lado (coisas que acontecem, que querem?) e o que ouvi, a ser verdade, é preocupante. Segundo, parece as ruas Mouzinho da Silveira e das Flores vão sofrer o mesmo tratamento dos Aliados, ou seja, vão ser revestidas com o mesmo granito chinês e na linha de design dos Aliados. Alguém sabe me dizer se isto tem algum fundo de verdade?
4. E por falar em Flores/Mouzinho: achei a proposta de Rocha Antunes excelente, mas... que pena é que não se reaproveite o projecto elaborado em finais dos anos 90 para a área Mouzinho/Flores que contemplava uma ligação de Eléctrico entre o Infante e os Aliados! Estes estudo propunha a ligação entre a parte baixa e a parte alta do centro histórico através destas artérias. Pessoalmente, tenho algumas dúvidas sobre a possibilidade de o Eléctrico usar a rua das Flores (até por causa da configuração nada favorável do Largo de S. Domingos), mas não vejo dificuldade alguma quanto à Mouzinho da Silveira. Será que este estudo ficou esquecido e enterrado? Será que é nossa sina andar a pagar estudos sobre estudos sem que ninguém os leve a sério (ou que pelo menos os leia?).
David Afonso
Dolo Eventual
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Nota de TAF: quanto ao ponto 3, é bem provável que haja um fundo de verdade. Segundo me disse Souto Moura, a ideia seria ter uma solução estética contínua desde o viaduto de Gonçalo Cristóvão (por causa do metro na Trindade) até Gaia. Pelo menos em frente à Estação de S. Bento e na Avenida de Ponte...