De: Luís Gomes - "Eis o eléctrico"
No meu subconsciente, pensei que este tema seria caro a imensos leitores do blog. Mas a famosa Via Nun'Álvares parece que continua a merecer toda a atenção, nomeadamente das partes interessadas que empolam a discussão como que de uma questão de vida ou morte se tratasse. Acho um exagero. Promotores imobiliários e proprietários não estão a achar muita graça certamente à baixa volumetria proposta. Pois de facto acredito que gostassem mais de umas torres ao longo da avenida tipo aquelas que se encontram em frente à UCP. Quanto à questão dos passeios, e do desembocar do nó, aí sim, há que discutir para evoluir a proposta e não se cometer alguns erros de planeamento urbanístico.
Mas vamos à questão central. Porque o nosso Porto não são as Avenidas de Nevogilde. A mim preocupa-me sobretudo como e de que maneira a reabilitação urbana (dos transportes, da habitação, do comércio) pode influenciar por exemplo o turismo e a mobilidade. O eléctrico será uma mais-valia turística. Em consonância com os Autocarros Turísticos e os passeios de rabelo, serão um factor de afirmação de um postal turístico. Mas será que os percursos fazem sentido? Fico com algumas dúvidas. Penso que falta uma ligação pela Mouzinho da Silveira ao Infante/Ribeira e a extensão da linha 18 até para lá da Cantareira. O castelo da Foz, os Jardins do Calém e as esplanadas/bares da marginal são igualmente um bom local para se desfrutar do Porto, do ponto de vista turístico. Os carris estão lá. Se não é para ir a Nevogilde então o que fazem aqueles carris por essa marginal fora? Reduzem a marginal a uma faixa visto que ninguém se sente seguro a circular de automóvel em cima deles. Escusado.
Mas voltando um pouco atrás no percurso, há algo que não bate certo neste regresso do eléctrico à Baixa. É que, no meu entender, os condutores e comerciantes não foram preparados para este regresso. Na maioria das ruas intervencionadas, observei que a intenção foi claramente a de limitar fisicamente o estacionamento selvagem. Mas isso não basta. É preciso criar medidas para cargas e descargas na Baixa e sobretudo policiar e sensibilizar os condutores em relação ao estacionamento selvagem, porque senão o resultado estará mesmo à vista: o eléctrico a parar de rua em rua porque algum iluminado deixou o carro mal estacionado. Limitando fisicamente as ruas da Baixa do estacionamento, não resolve nada. Se não estacionar naquela rua encontra-se outra mais a jeito. Eu ainda gostaria de ver uma solução concertada com os parques de estacionamento construidos antes e depois da Porto2001 para que se actualize em baixa os preços porque um euro/hora é um completo absurdo.
Deixo também uma outra sugestão: decore-se os eléctricos com temas alusivos à cidade, porque circularem com aquela cor de facto é tristonho, eram bem mais airosos até com painéis publicitários...
Luís Gomes