De: Manuel Moreira da Silva - "A sequóia eléctrica"
Vamos importar o que tem vindo a ser feito em Lisboa.
"Este ano, o Natal terá mais uma atracção na cidade do Porto. A Árvore Millennium, inspirada na temática velas, estará patente de 17 de Novembro de 2007 a 7 de Janeiro de 2008, na Av. dos Aliados. Com 76 metros de altura e um peso de 280 toneladas esta árvore terá 2.400 micro lâmpadas, 13.000 lâmpadas, 28.000 mangueiras luminosas e 500 metros de néon entre outros elementos. Eis mais uma boa razão para visitar o Porto no próximo Natal."
Como princípio para uma ENORME operação de promoção do comércio de rua do Porto, conseguindo que este ano uma parte substancial das compras de Natal passem dos shoppings abarrotados para as ruas, oferecendo vales de estacionamento, oferecendo bilhetes de metro, oferecendo autocarros gratuitos que circulem entre parques de estacionamento e pólos comerciais da cidade, promovendo os produtos da cidade e da região, cá e no estrangeiro, levando as pessoas em massa às ruas da cidade, tudo isto ARTICULADO com as associações comerciais, com os proprietários dos parques, com a STCP e o Metro, parece-me excelente. Mas se esse fosse o caso, já há muito estaria publicitado no site/pasquim da câmara, que parece estar mais importado com o processo que os moradores dos "barracos do Bacelo" moveram à câmara do que com a melhoria da qualidade da vida urbana do Porto (centros e periferias).
Se for só para meter mais um trambolho que bloqueie a unidade da Avenida dos Aliados, como fizeram com o inenarrável pagode/café que lá puseram este Verão, só desejo que a árvore se mantenha na Praça do Comércio, porque acho que será um desperdício de energia e uma fonte de poluição e, se cair, prefiro que deite abaixo do cavalo o D. José (que monopolizou o Douro, através dos primos do Pombal, expulsou os Jesuítas e matou os Távoras) que o D. Pedro IV (que, numa brilhante jogada de estratégia, mudou a nossa capital para o Rio de Janeiro, impedindo a perda da independência às mãos dos franceses, e que mais tarde resultou nos episódios do desembarque da praia da Memória, do cerco do Porto e da abolição do absolutismo no nosso país, que são um património da nossa história e cultura muito pouco celebrado).
Manuel Moreira da Silva
P.S.: Já agora, para ser justo, gostaria de acrescentar que, como todos saberão, a Câmara tem vindo a promover bastantes operações de recuperação do centro da cidade. A última, ainda em execução, prende-se com o regresso do eléctrico. Não sei se existe alguma correspondência entre o que agora se está a implantar e os planos que foram elaborados por consultores em articulação com a CMP para a mobilidade no âmbito do Porto 2001 (pelo menos no que diz respeito à rua de Ceuta, penso que não estava incluída nos planos do Porto 2001). Tenho que lamentar apenas que, sistematicamente, os projectos para as obra públicas que a Câmara promove não sejam abertos a concurso, o que seguramente melhoraria a qualidade dos mesmos.
E já agora, no âmbito da operação que tem vindo a ser feita na rua de Ceuta e nesta moda recente de acabar os projectos e planos dos nossos antepassados à moda dos mesmos (caso da Avenida Nun'Álvares), gostaria que alguém me esclarecesse se existe algum plano para resolver o remate da rua de Ceuta que há mais de 60 anos parece um destroço de um bombardeamento. A opção do Arq.º Vírgínio Moutinho, quando para ali elaborou os estudos no âmbito do Porto 2001 (unidade F - Filipa de Lencastre/Ceuta) foi manter aquele imóvel (ao qual chamou, sugestivamente, "edifício Nosferatu") requalificando-o e instalando uma ludoteca (certamente em articulação com o teatro) e um centro de dia. Entretanto o projectista foi afastado no seguimento do lamentável caso da praça Carlos Alberto, a zona ficou esquecida, e mete medo lá passar. A resposta à pergunta "foi Vírgínio Moutinho consultado para acabar o projecto que já tinha feito para aquela zona?" será, obviamente, não. Obviamente, apenas porque é o hábito das práticas ilegais e imorais dos nossos municípios que fazem tábua rasa da legislação de direitos de autor e não têm qualquer respeito pelo trabalho da maior parte dos arquitectos.