De: Rui Moreira - "Cordoaria"
Não posso deixar de manifestar a discordância pelo "post" de João Medina acerca do Jardim da Cordoaria. O jardim, destruído em 2001, assemelha-se hoje a um cemitério, como alertou Agustina Bessa Luís. É por isso que está vazio. Afirma João Medina que "um dos objectivos conseguidos da intervenção no Jardim da Cordoaria foi o da sua reabertura à cidade" e culpa a vereação por o sistema de iluminação estar desligado. Eu não sei se João Medina se recorda que, no passado, o Jardim da Cordoaria era muito frequentado, principalmente idosos e gente das redondezas, é certo. Essa vida desapareceu do jardim no dia em que entrou o camartelo da 2001 e nunca voltou. Não admira, porque como os seus bancos tradicionais foram substituídos por campas rasas de granito, o jardim deixou de ser praticável. Logo se percebeu, e eu denunciei isso mesmo nessa altura, que o mobiliário urbano escolhido era de péssima qualidade. O pior de tudo era, certamente, a iluminação das "campas rasas". Pode-se dizer que o jardim está mal mantido, o que é comum, infelizmente, a muitos outros jardins da cidade. Deveria dizer, já agora, que, tal como a maioria das obras da 2001, está profundamente degradado ao fim de apenas 6 anos, porque foi mal concebido e muito pior executado.
O João Medina tem razão quando diz que é uma questão de gosto. Estou de acordo consigo, e até acrescento que o actual é de muito gosto: "Muito... e Mau!" como exclamaria o meu saudoso amigo Ângelo César. Quem não estava de acordo eram aqueles que achavam pirosos todos os nossos jardins românticos, e que por isso resolveram destrui-los. Se respeitassem as "as opções estéticas" e os "gostos pessoais", deixavam-nos ficar sossegados e tinham ido experimentar os seus dotes para um qualquer descampado. Foi por isso, por discutirem os gostos, que destruiram a Cordoaria, a praça de Carlos Alberto e os jardins da Montevideu durante esses tempos de desassossego.
Rui Moreira