De: Rui Valente - "Graffitis - Sugestões ou pregar no deserto?"
Sem desmerecer, já aqui referi mais do que uma vez o meu cepticismo relativamente aos resultados do esforço perseverante de muitos bloguistas de "A Baixa do Porto" na expectativa de que algumas das suas sugestões (frequentemente pormenorizadas à exaustão), acabem um dia por se traduzir numa qualquer acção ou resultado consequentes da parte de quem tem autoridade para os corporizar.
Um destes dias, decidi dar uma volta a pé pela baixa a fim de me inteirar com mais detalhe dos imbróglios da nossa cidade e assim poder também apresentar algumas alternativas para os desembrulhar.
Bem, apesar de me ter apercebido de alguns (tímidos) pózinhos de progresso, como já esperava, logo fui esmagado pela sensação de "mal feito" de desgoverno que há muito acompanha a nossa cidade e o resultado foi: os pózinhos de progresso terem rapidamente acabado por se me esfumar da memória. Foram tantas e tão diversificadas as "asneiras" contempladas, que desisti de as enumerar. Afinal, para quê? Para provar aos meus conterrâneos que estou atento às agressões permanentemente exercidas contra o património portuense pela parte de cidadãos (vândalos anónimos e vândalos graffitis), e de outra maneira, também da parte de quem mais as devia proteger, a Câmara Municipal? Para quê? Para provar que até vou tendo algumas ideias? E daí? Que consolo tal prova me pode aportar? São capazes de me responder com objectividade?
Mas, para não me acusarem de pessimista, vou apenas dizer o que penso sobre essa praga social chamada Grafittis que considero tão nefasta quanto a da própria toxicodependência e co-responsável pelo agravamento do estado depauperado da cidade do Porto.
Os nossos governantes têm dado mais do que provas das suas incapacidades. O único conceito que absorvem assim que lá se apanham (no poder), é que a partir daquele momento mandam! Isto parece bastar-lhes. Mas, a sua inoperância não começa nem termina nos decretos-lei, mas mais comprovadamente por não saberem articulá-los com a sociedade e, sobretudo, por não pautarem o seu cumprimento.
Assim sendo, tenho muitas dúvidas sobre - a pretexto dos famigerados direitos de liberdades e garantias (Ás de trunfo para todas as causas) - a eficácia das medidas repressivas que eventualmente viessem a ser aplicadas a essa praga citadina chamada: Grafittis.
Para a controlar, penso que seria mais inteligente usar a técnica do "Mel", em alternativa à do "Fel", que além de inconsequente iria alimentar-lhes a revolta que supostamente os inspira.
Ocorreu-me o seguinte: por que não promover debates televisivos com os Graffitis? Interrogá-los, deixá-los falar, vê-los e dar-lhes visibilidade (que é afinal aquilo que mais procuram), ao mesmo tempo que seriam sistematicamente confrontados com a sua "arte" criminosa e até desafiados para outras formas de expressão artística. Esvaziar o seu estranho sentido de aventura, supostamente artística, seria o objectivo principal. O segundo, seria desviar as suas potencialidades para áreas onde se pudessem inserir social e economicamente.
Com tempo e persistência, estou convencido que estes jovens, passariam não só a sentir-se mais integrados na sociedade como a sentir a noção do ridículo inconsequente dos seus actos. Esta podia ser uma via a experimentar com custos e riscos muito mais reduzidos para o Estado. A cereja no tôpo do bolo seria encaixar as capacidades artísticas e a criatividade dessa gente em trabalhos de benefício público e de preferência remunerados, dado que muitos deles são desempregados.
Contra o habitual, deixei aqui a minha despretensiosa opinião sobre um aspecto específico que flagela a nossa cidade (e tantas outras) e uma dica para a sua solução. Vale o que vale. Mas, independentemente da aceitação que possa merecer entre nós (bloguistas), que estímulo será possível manter futuramente se a deixar eternamente condicionada a um projecto de intenção?
Rui Valente