De: Paulo V. Araújo - "Quatro hectares de asfalto"
Francisco Rocha Antunes (FRA) costuma estar muito bem informado sobre aquilo de que fala, e por isso não é habitual apanhá-lo em falso. Também não tenho o hábito de andar em busca dos deslizes dos outros para depois espetar o ferrão. Mas, dado o peso (merecido) que as opiniões de FRA têm neste blogue, e dada a importância do assunto, não posso deixar de intervir neste caso. Não é verdade que, para o aeródromo da Red Bull, «tenha sido aproveitado o alcatroado que já vem da Feira Popular e que serviu para as boxes do Grande Prémio». A pista de aterragem, que é paralela à Circunvalação e liga o Queimódromo à Praça da Cidade Salvador, foi aberta e asfaltada propositadamente para este evento, como qualquer morador dos prédios de Matosinhos Sul junto à Circunvalação poderá testemunhar. O próprio Queimódromo foi substancialmente alargado. No total, deverá haver MAIS quatro hectares de asfalto em terrenos que nominalmente pertencem (pertenciam?) ao Parque da Cidade. A quem ache estes números exagerados, recomendo o seguinte exercício: só a pista tem 30 metros de largura e 700 de comprimento, o que dá 21000 m^2 - ou seja, 2,1 hectares.
Os números constam do comunicado da Campo Aberto que pode ser lido aqui e foram transcritos na notícia do Público de 19 de Agosto em que se fala da corrida e da contestação que a Campo Aberto fez à pista. Como ninguém na Câmara se deu ao trabalho de desmentir os números, eles devem estar suficientemente correctos.
É bom que as pessoas não se iludam: o Parque da Cidade tem estado a saque, e o impacto das corridas de automóveis e agora de aviões anda longe de ser negligenciável. Admito que haja muito mais gente a preferir que essas corridas se façam do que a defender o Parque. Enfim, não podemos ter tudo, e talvez o Parque da Cidade seja bom de mais para o país e o povo que somos.
Saudações,
Paulo Araújo