De: Manuel Moreira da Silva - "Petição EN103 entre Braga e Chaves"
Cara Cristina
Não me parece a solução mais correcta a rectificação da E.N. 103 para desenvolver a região Norte do País. Se a transformassem numa via de trânsito rápido com mais de uma faixa em cada sentido passaríamos a ter três vias de perfil semelhante (A4 e A7) espaçadas 20 km umas das outras, o que me parece manifestamente excessivo. Não sendo de todo especialista nesta matéria (só posso dizer que conheço a região e a estrada em causa), uma possibilidade que me parece mais importante como aposta seria articular num eixo Norte-Sul: Castro Daire - Cinfães - Marco - Amarante (articulação com a A4) - seguir o rio Tâmega para Celorico, Mondim e Cabeceiras de Basto (articulação com a A7) - e optar ou por Montalegre ou por Vieira do Minho para seguir depois da fronteira em direcção a Celanova - Ourense (articulação com a A52 espanhola) - Santiago de Compostela. Neste caso poderia a região estruturar uma economia diversificada desenvolvendo, por exemplo, o turismo de natureza ao melhorar as acessibilidades ao Gerês, às Terras de Basto, ao Alvão, ao vale do rio Tâmega, ...
Infelizmente o problema da estruturação do território, um dos aspectos mais relevantes para o nosso crescimento económico, não tem tido a discussão que merece. Para além deste, existem muitos casos de estrutura de transportes inadequada, como por exemplo o imenso vazio na zona a Norte do IP5 e a Este do IP3 que mata a economia da zona ao impedir o escoamento eficaz das produções, situação que tem paralelo no interior alentejano que sofre menos pela distinta divisão fundiária que aí existe. O Plano Rodoviário Nacional tem tratado de tentar dar soluções comportáveis para a periferia das grandes cidades (Lisboa e Porto) e estabelecer as ligações mais importantes destas entre si e com os principais centros espalhados pelo resto do país. Durante décadas isto levou a um esvaziamento do interior do país que apenas tinha um vector de desenvolvimento - o acesso ao litoral. O primeiro eixo de desenvolvimento que foge a esta lógica, o IP3, apareceu há pouco tempo e ainda não está acabado, é a SCUT que liga a fronteira de Chaves a Viseu e a Coimbra. Ainda se espera em muitos sítios a conclusão do IP2, para termos um importante eixo viário interior (embora de reduzido perfil) que ligue todo o país sem ter que passar junto a Lisboa. Pode ser que ainda haja população que não se tenha cansado de esperar pela aposta no interior do país, para que quando os acessos chegarem se desenvolvam aquelas zonas.
O mesmo problema (da falta de discussão por parte da sociedade e da total ausência de justificação das opções tomadas pelos nossos políticos) pode ser aplicado à ferrovia, que para além do T.G.V. não se discute, aos transportes marítimos, aos aeroportos, etc. Sem um projecto claro de futuro, estruturado e integrado, amplamente discutido e apresentado, "jamais, jamais" teremos uma estrutura económica que nos permita crescer. Felizmente vão aparecendo notícias que fazem pensar que alguns dos nossos dirigentes não estão a dormir na forma, como se pode ver pela V.I.L.P.L. aqui. É pena que esta via não possa ir até Espanha, para que os portos portugueses passem a abastecer a Europa.
Entretanto gostaria de ler comentários sobre a situação do Palácio do Freixo que tão longamente descrevi nos meus posts anteriores, para saber se, como eu, consideram a opção tomada um acto de má gestão do património municipal.
E viva o Red Bull que nos dá asas...
Manuel Moreira da Silva