De: TAF - "Brincar com o fogo"
"Aqui, em Portugal, as drogas, incluindo as sintéticas, são um negócio que dá lucros, também elevados. As apreensões de mercadoria, pelas polícias, ocorrem, na maior parte das vezes, em situação de trânsito para outros países. Não tem havido incursões nos circuitos internos mais escondidos.
Na chamada noite, em todas as cidades de Portugal, proliferam os lugares de diverso tipo e modo de estar, junto a um balcão de bebidas. São os bares, de alterne ou de convívio; de prostituição ou de mero engate e ainda de acesso reservado ou franqueado a quem o deseja. A gravitar neste mundo da noite, apareceram há alguns anos atrás uns maduros de recorte e sem profissão definida que se foram agregando em empresas de segurança, algumas delas profissionalizadas, outras nem tanto.
A primeira vez que esta fauna da noite mostrou o seu lado obscuro, de modo literalmente explosivo, foi em Amarante, numa discoteca de Mea Culpa. O balanço trágico levou directamente à regulamentação legal dos grupos. Mesmo assim, algum tempo depois, outro acontecimento trágico levou a morte à própria polícia de investigação, na mesma zona deste norte de Portugal, com uma violência inusitada. Depois disso, falou-se em mafias de leste e em banditagem de alto coturno que anda por aí à solta, a praticar realisticamente car jacking, o que apenas se via, até então, em jogos virtuais para a play station.
Em tempos mais recentes, alguma da fauna da noite que se ocupa da segurança foi inequivocamente associada, no Porto pelo menos, a um clube de futebol e à sua claque que se borrifa para os apitos dourados. Os seus elementos de segurança privada fizeram gala de aparecer publica e impudicamente a afrontar os seguranças do Estado que lograram deter e ouvir um dos seus mais dilectos heróis. Este aceitou e não se demarcou da segurança oficiosa, aparecendo bem na sua pele.
Agora, com estes “quatro assassínios na noite do Porto”, como titula hoje o Público, já não parece haver qualquer dúvida: a noite do Porto está entregue aos seguranças. Um deles, segurança na discoteca River Caffé, foi assassinado e o River Caffé há anos que deveria estar encerrado. O motivo para a demora administrativa tem a ver com uma circunstância prosaica: o desconhecimento do paradeiro dos proprietários.
Protejam-se."
Na Grande Loja.