De: Rui Meireles - "Rui Rio e o Parque da Cidade..."

Submetido por taf em Quarta, 2007-08-22 10:12

Podem estar os meu olhos a ver estas questões de uma forma demasiado tendenciosa, admito. Quando na sua primeira campanha eleitoral Rui Rio por casualidade entrou no Café onde eu estava com um discurso Populista arrepiante fui - senti-me - obrigado a dizer-lhe que se tanto acreditava ser eleito não o seria com o meu voto com toda a certeza. Ele baseou toda a sua campanha aproveitando o descontentamento de grande parte dos comerciantes do Porto, afectados durante muito tempo pelas obras decorrentes da Porto-2001.

Recordo-me de ter encontrado Carlos Alberto Moniz em plena Rua de Passos Manuel e ter-lhe manifestado as minhas preocupações. Ele fez claro a apologia de que as obras eram absolutamente necessárias e seriam no futuro motivo de orgulho para os habitantes da Cidade. Era uma opinião optimista, mas na altura a Cidade encontrava-se transformada num autêntico Estaleiro e era muito difícil circular pela Baixa, notando-se uma revolta muito grande especialmente da parte dos pequenos comerciantes do Centro atingidos seriamente por toda aquela parafernália de obras e impedimentos físicos de todo o tipo. Assente nesse argumento anti-situacionista Rui Rio conseguiu a vitória por números talvez inesperados. A partir daí desenvolveu toda uma acção de desprezo e combate sobre as iniciativas do executivo anterior. Casa da Música, Serralves, Parque da Cidade, Túnel de Ceuta, Jardins do Carregal e Cordoaria, Praça de Carlos Alberto e Gomes Teixeira, Cadeia da Relação do Porto, Ribeira do Porto, etc, etc...

Gritando aos sete ventos ter herdado uma situação caótica em termos financeiros, foi enegrecendo a visão de futuro da Cidade. O tempo foi passando e lentamente fomo-nos apercebendo que a sua estratégia quase terrorista assentava, como já disse, em denegrir tudo o que anteriormente tinha sido erigido ou iniciado. Mudou o que pôde alterando cosmeticamente muitas das obras, fazendo o possível por entrar em conflito permanente com tudo o que lhe cheirasse a ligações anteriores. Plano de Pormenor das Antas, perseguição aos funcionários da própria Edilidade que tomou foros de ridículo quando se encarniçou contra a brigada de Limpeza da Câmara pretendendo inclusive retirar-lhes direitos consagrados contratualmente. Hoje o que assistimos? Obras na Baixa do Porto um pouco por todo o lado, Passos Manuel, Rua de Ceuta continuam entregues a uma paisagem de guerra, os comerciantes choram e bradam mas baixinho pois temem e de que maneira o tiranete da Boavista. Enquanto isso acontece desmazela as obras anteriores até ao paroxismo - é triste entrar na Cordoaria e ver o abandono a que o votaram - altera umas com conceitos conservadores - Praça Carlos Alberto - e aprova outras - Praça da Liberdade e Avenida dos Aliados - com argumentos precisamente contrários!

Persegue pessoas e instituições com "ligações perigosas" aos anteriores executivos e tudo é feito com um sorriso nos lábios... E de repente descobre novas inclinações - sonhos de criança - Grande Prémio Automóvel do Porto e ultimamente Festivais de Acrobacias Aéreas talvez observadas nas suas últimas férias em Istambul. No meio de todas estas paixões - linha de Metro incluída - está o Parque da Cidade engulho por demais evidente na garganta de tão ilustre personagem. Tentou desacreditar ao máximo o Edifício Transparente - finalmente activo - levantou e voltou a colocar as linhas do eléctrico naquela zona, tudo para poder ver em alguns momentos do ano uns lindos e coloridos automóveis a circular por ali a uma certa velocidade, ou outros mais arcaicos a velocidade de caranguejo noutras alturas. Depois, a construção de uma mini-pista de Aviação de apoio para o dia 1 de Setembro - porque não aproveitou o traçado "linear" da Avenida dos Aliados, era mesmo espectacular, especialmente ali em frente ao Montepio Geral - e finalmente aprovando uma alteração substancial ao projecto de criação da ligação entre a Praça do Império e a Avenida da Boavista, deve ter conseguido dar o passo determinante para a realização do seu almejado e velho sonho: a construção do Autódromo da Boavista...