De: David Afonso - "Quinta de Santo António"

Submetido por taf em Quinta, 2007-08-16 22:23

Para quem ainda não conhece, fica aqui uma apresentação do projecto do Campus da Justiça na Quinta de Santo António (fonte: site do Ministério da Justiça). Sobre este assunto ainda não sei o que pensar ao certo. Se por um lado, a poupança de 2.400.000,00 euros/ano em rendas, o encaixe resultante da alienação de 17 edifícios espalhados pela cidade e a possível (mas não certa) melhoria dos serviços da justiça tornam este projecto simpático aos olhos do contribuinte (e em abono da verdade, devo acrescentar que a concentração dos serviços de justiça nesta área da cidade me beneficiará directamente porque vejo assim a minha propriedade valorizada), já por outro lado constato com apreensão que os edifícios que vão ficar para trás (arrendados ou propriedade do ministério) localizam-se sobretudo na baixa. Mais uma machadada? E depois fico a pensar que neste país nada se faz sem que o diabo do betão não ganhe a sua parte: A educação vai mal? Durante duas décadas construiram-se escolas que agora se encerram sem pompa nem circunstância e a educação ficou na mesma ou pior; A Cultura vai mal? Venha a Porto2001 e a caterva de arquitectos e empreiteiros que da cultura logo se falará; O desporto vai mal? É construir estádios! Quantos são? Quantos são? E até sobrou um estádio-fantasma para o Allgarve e tudo!; A justiça vai mal? Então que se construam as Cidades da Justiça! Toda a gente sabe que o problema da nossa justiça reside no facto dos serviços andarem por aí tresmalhados. É o betão que comanda a vida. É curioso que a apresentação omita o custo da construção desta pequena pólis... Por último, fico com pena de ver a Quinta de Santo António ser vítima desta operação de urbanização. Talvez a última grande operação do género no Porto porque depois disto não existirá mais área verde disponível.

PS: Recomendo vivamente que comprem esta Sexta-Feira o jornal PÚBLICO porque o suplemento «ípsilon» dá destaque ao «Mapa da nova cena artística da cidade». Vale a pena reproduzir o excerto que serve de promoção desta edição:

Público

Alguém falava na perda do espírito do Norte? Está reencontrado neste «Não podíamos estar à espera».

David Afonso
attalaia@gmail.com