De: Correia de Araújo - "Já não há respeito!"
Há uns anos a esta parte, quando algo se passava à volta da Invicta, fosse em Gaia, Matosinhos ou na Maia, era então, indevidamente, identificado e assimilado como se no Porto tivesse ocorrido. Por essa altura o Porto assumia-se, de facto, como a cabeça de todo este vasto corpo chamado Grande Porto… daí essa incorporação/confusão. Hoje, já não sei bem que parte desse corpo é que o Porto representa… ou até se representa alguma coisa. Passo a explicar!
Anunciado com pompa e circunstância, assim foi o "Air Race" da Red Bull aprazado para Setembro próximo, no Porto, com intervenção directa da nossa digníssima Câmara. Porém, quando me dou conta da publicidade que passa na Rádio e na TV, a propósito deste evento, oiço qualquer coisa como… "assista em Gaia… e no Porto". Gaia primeiro... e o Porto por arrastamento. É certo que o espectáculo pode, e deve, ser visto das duas margens, mas o mesmo deve ser associado ao nome (marca) do Porto, sem hesitações.
Sexta-feira à noite, 3 de Agosto, assisto ao concerto dos britânicos Keane. A primeira parte ficou a cargo dos EzSpecial, banda de Santa Maria da Feira (que fará se não fosse). O vocalista desta banda do Norte só falava de Matosinhos... aqui em Matosinhos... olá Matosinhos... (e nós em pleno Queimódromo, Parque da Cidade). Já agora, um aparte: os Keane, nas palavras do seu vocalista, estavam pela segunda vez em Portugal, a primeira havia sido em Lisboa... seguiu-se estridente assobiadela e, acto contínuo, o emendar de mão com a promessa de no futuro trocarem Lisboa pelo Porto. A ver vamos! Foi assim também com os Rolling Stones e, na primeira oportunidade, vai daí direitinhos para Lisboa (fiasco... meia casa).
Feito este pequeno parêntesis, a verdade é que os dois breves exemplos aqui apresentados são bem elucidativos de como, nas pequenas coisas do dia-a-dia, se vê o Porto a perder importância, protagonismo e liderança. Por este andar um destes dias o Porto já nem uma marca será... e, assim sendo, de nada nos valerá (TAF incluído) continuarmos a pugnar por um espaço único "Porto-Gaia" pois o mais certo será mesmo o contrário: "Gaia-Porto".
Correia de Araújo