De: Rui Valente - "Porto inspirador e Lisboa justiceira"
Pois é, meus senhores, agora é que vai ser ganhar dinheiro! Pensando melhor, acho que me vou converter ao centralismo! Afinal vale a pena, há mesmo vantagens nisso! Vou ter de rever rapidamente as minhas posições nesta matéria...
Inapelavelmente rendido aos ventos moralistas que sopram do Sul, decidi dedicar-me à indústria cinematográfica. Está muito em voga e 'promete' dar rios de dinheiro (descansem, que não é o tipo de rio que estão a pensar)! Por motivos económicos ainda pensei convidar o senhor La Féria para fazer uma revista, mas achei que era pouco ambicioso e optei mesmo pelo cinema. Queria uma coisa em grande! Só não vou é armar-me em realizador para não mostrar o lado mais repugnante do meu carácter como alguns "botelhos" (não sei se o nome vem de bota se de fedelho) que por aquelas bandas rastejam. Prefiro ser produtor. Não tenho é 'cacau' que chegue, mas confio na solidariedade dos mecenas cá do burgo (por hábito muito generosos) para avançar com o projecto.
Já escolhi o realizador, vai ser o Woody Allen. Nem menos! É mesmo realizador, é competente e tem um finíssimo sentido de humor. Porque sou bairrista e provinciano, ainda me lembrei do Manuel de Oliveira, mas, dada a sua origem tripeira, reconsiderei e não lhe fiz o convite com receio que mais tarde o viessem a acusar de tráfico de influências... É que o senhor tem quase 100 anos e eu respeito as pessoas idosas... e a transparência de processos.
A temática complementa-se, e será dividida em duas partes que oscilarão entre a pedofilia e a fiabilidade da justiça portuguesa. O cenário decorrerá na região da grande Lisboa para emprestar mais realismo ao filme. A maior dificuldade do projecto está no elenco porque implica uma grande quantidade de actores que pode inflaccionar o preço final da obra. O título ainda não foi decidido, mas estou a pensar na versão portuguesa de: em "E tudo o vento levou - Parte II".
Mas cuidado, nada de confusões, será apenas um filme de ficção, uma adaptação... Percebem? Toda e qualquer semelhança com factos da vida real será obviamente pura coincidência... O meu interesse é essencialmente de índole cultural, embora creia que não me levarão a mal por querer ganhar umas coroas. A vida está tão má.
Rui Valente