De: Rui Encarnação - "Os Medos!"
Mais uma vez, a CMP da actual gestão provou e demonstrou como se acaba com o que se quer acabar, e, também, que a extinção é a forma ideal – jurídica e socialmente – de proceder a limpezas de trabalhadores e, sem qualquer vergonha, se eximir às suas responsabilidades. O processo de extinção da FDZHP é exactamente igual ao da extinção da Culturporto e da famosa doação do Rivoli ao encenador La Feria (veja-se o artigo publicado por Carla Miranda no Público).
Como se vê, tanto na FDZHP como na Culturporto a CMP fez nomear gente absolutamente incapaz e impreparada para gerir essas instituições. E esses Gestores cumpriram o seu trabalho, pois mais não fizeram do que afundarem as instituições que geriam num mar de gastos, sem receitas ou resultados. Para isso, foi muito importante o corte radical de fundos no 1º mandato da actual gestão da CMP, pois foi aí que, com o argumento de que não havia dinheiro para foguetes, foi determinado e iniciado o processo da sua irremediável extinção.
Ainda houve quem protestasse (lembrem-se do vereador da Cultura Marcelo Mendes Pinto que num assomo de lucidez e honestidade intelectual utilizou a parábola do Ferrari sem gasolina) mas de nada valeu. O destino estava traçado e a CMP, recorrendo ao Manual das Boas Práticas que tanto apregoa e esbraceja ao vento, já há muito preferiu um péssimo gestor da sua cor política – ou de boa obediência à liderança – aos que são competentes, esforçados e empenhados no que fazem. Assim, no final, o património da Culturporto foi desbaratado – entregue, em parte ao Sr. Lá Feria / Dª Ermelinda que destrói painéis acústicos como quem come sandes de couratos (o que, aliás deve estar a começar a constar da ementa do café-concerto) e outra aos rapazitos da Porto Lazer (e estes, reconheça-se, percebem muito de Lazer. É pena que nada saibam de Porto).
Agora, restará saber quem irá desfrutar do património da FDZHP. Veremos quem será capaz de melhor o usufruir, mas, claro está, sem ser em benefício das pessoas e habitantes da cidade. Disso não tenho dúvidas. Nenhumas!!! Resta, por fim, o material humano. Essa mais valia dos tempos modernos, pois é ela quem faz a diferença nas empresas e no mundo, nada vale para a CMP. Para a CMP, tanto faz ter técnicos competentes como não. Só lhe interessam os que se deixam subjugar à vontade dita política, como se isso fosse sintoma e sinal de acerto na decisão, de sabedoria e competência. Daí que desbarate esses recursos humanos, em que apostou durante anos, como quem muda o óleo ao carro (talvez, assim, os nossos leitores da CMP percebam do que falo....).
Mas, tudo isso, todas essas enormidades que a CMP tem feito, essas gestões ruinosas, esse desbaratar de recursos, não encontra qualquer resposta nas consciências e nas ditas forças vivas da cidade. Da ideia – não demonstrada – que a actual CMP tem uma seriedade superior às gestões anteriores, resulta tudo ser permitido e nada ser censurado, especialmente no que respeita às consequências dos actos. Se isto não é Medo, então dêem-lhe outro nome, mas, por favor, ajam, reajam contra esta forma de gerir aquilo que é nosso, esta falta de princípios e de coragem.
Já nada falta para se sentir vergonha em ser tripeiro.