De: TAF - "Porto com Gaia"

Submetido por taf em Sexta, 2007-07-27 22:50

No debate de há pouco na Porto Canal sobre a fusão dos dois municípios (eu prefiro uma integração, daí o título deste post) foram usados por parte de quem está contra dois argumentos errados.

O primeiro seria uma suposta "incompatibilidade cultural". Que as pessoas de Gaia eram diferentes das do Porto, que eram muitos anos de separação dos concelhos, que há núcleos de ruralidade que não se integrariam, etc., etc. Usando linguagem um pouco "à Porto": tretas. Olhemos para a própria cidade do Porto. O que é que as pessoas da Sé têm de parecido com as de Nevogilde? Ou as de Massarelos com as das Antas? Ou as de Campanhã com as de Paranhos? Ou as da Cantareira com as dos Pinhais da Foz? Que semelhanças existem entre as senhoras que trabalham de noite na zona da Trindade e os senhores de pastinha que trabalham de dia no Aviz? Ou entre os "gunas" de Lordelo e os velhinhos que jogam cartas no Marquês?

Também podemos ver as coisas por outro prisma. O que é que têm de diferente as pessoas de Mafamude das pessoas da Boavista? Quantas pessoas nascidas e crescidas no Porto estão agora a morar em Gaia? Quantos naturais de Gaia estudam ou trabalham no Porto?

Há alguma barreira cultural que impeça a existência de uma autarquia composta por Gaia e pelo Porto? Claro que não! Se houvesse, o próprio concelho do Porto já se tinha desintegrado...

A outra "treta" é que seria um território tão grande que se tornaria ingovernável. Que se já agora é mau, o que faria depois. A dimensão nunca foi uma dificuldade para a Gestão. A incompetência sim. Basta olhar para algumas grandes cidades ou grandes empresas para perceber que é possível gerir organizações e territórios muito grandes com bons resultados. Nada impede que se reforcem as capacidades das Juntas de Freguesia, por exemplo. Nada impede que se usem internamente melhores métodos de avaliação e motivação, mesmo com as regras complicadas que o Estado impõe (veja-se o exemplo da Direcção Geral de Contribuições e Impostos). Nada impede que se adopte uma política de total transparência que só por si evita inúmeros problemas e tentações.

Deixemo-nos de tretas. Avancemos para a integração de Gaia no Porto. Como disse Manuel Correia Fernandes no debate, é preciso primeiro apresentar um projecto. Só depois disso é que as populações têm algo concreto sobre o qual se podem pronunciar. Façam nessa altura a sondagem no Porto e em Gaia e vão ver os resultados... ;-)