De: Cristina Santos - "É obrigatório que todos vejam a mesma coisa?"

Submetido por taf em Terça, 2007-07-17 22:34

Um prédio de 20 andares na Foz não causa o transtorno que um prédio da mesma dimensão causa nos pontos mais altos da cidade. Uma urbanização em Ramalde nunca terá o valor económico de uma urbanização na Foz. O objectivo não passava por atrair capital financeiro para o Porto? O que se perde? Meia dúzia de vivendas? Não se percebe porque os donos das vivendas não mandam construir um prédio enigmático, cosmopolita, futurista. Porque não investem nas suas propriedades os proprietários da Foz, sendo a maioria deles artistas reconhecidos da nossa cidade, pessoas capazes de levar avante, com as preocupações devidas, projectos dinamizadores, verdadeiros exemplos Europeus? Mantêm-se unidos na luta pelas cotas baixas? Não percebo.

Confio na opinião de todos os que aqui se pronunciaram, mas gostava que equacionassem a opção de tomar nas mãos a construção de um trecho complementar, a parte que falta à nossa cidade e cuja construção necessita do empenho pessoal de cada um, de todos os que dispõem de edifícios e terrenos, que não podem hesitar em investir, devem-se preocupar em fazer um plano e acreditar que em conjunto funciona, que têm capacidade de entendimento e produção.

Se de facto não existirem condições, que se pense a construção desse trecho para Ramalde, mas que se tenha a noção que um T2 na Foz continuará a valer o dobro de um T2 em Ramalde. Em Ramalde terá que se criar a imagem de cosmopolita, na Foz já existe. Suponho que os arquitectos de Ramalde têm poucos terrenos, a Foz tem todas as condições para crescer.

Seja na Foz ou em Ramalde, esse projecto não é concorrente com a Baixa do Porto. Não há equiparação possível, há complementaridade. Se numa zona se oferece futuro, actualidade, na Baixa oferece-se requinte, calma, paz, anonimato, lazer. Vamos deixar de lado os gostos das maiorias, vamos pensar que somos seres individuais. Vamos promover uma imagem para a Baixa, todos os que partilharem das condições, independentemente da nacionalidade, vão reagir. Vamos imaginar que criávamos para a Baixa a imagem de uma zona privilegiada com condições de especial interesse para homossexuais, seriam só homossexuais portugueses que viriam habitar a Baixa, ou de todas as nacionalidades?

Primeiro a imagem, a escolha do produto que queremos oferecer, depois o plano. O plano é tornar a Baixa funcional através do turismo de qualidade e de serviços. Um turismo calmo, de requinte, monumentos, vinho do Porto, cafés de tertúlia, bares personalizados, música nas ruas, sinfonias, comércio de proximidade integrado nesta imagem, o Porto romântico, belo.

Para a Foz espera-se um trecho da cidade que circule a 200km/h, movimento citadino, portas giratórias, homens de gravata que tomam decisões, enquanto observam os surfistas das janelas dos seus amplos escritórios; praia iluminada a altas horas da noite, o Metro; vias para os carros potentes que circulam para os casino. Lojas da Versace, centros comerciais de elevado requinte e funcionalidade. Apartamentos gigantescos sem divisões, tudo muito VIP, só para quase-milionários. Pensam que só trabalhavam e residiam neste trecho cidadãos portugueses, ou viriam de todo o lado para se fixar cá? As low cost, funcionam ou não funcionam bem?

No meio da cidade ficavam as opções para gente do quotidiano - o meu caso, serviços, comércio, pessoas para quem a Mango já chega e o tasco do Fonseca serve muito bem, até porque o Fonseca está lá há anos e merece pelo esforço. Zonas onde há todos os serviços, mas os apartamentos são mais baratos, há moradias bi-familiares a preços normais.

Desde que Lisboa se sentou para acalmar a vergonha, vejo o Porto com mais nitidez, acredito que parte dos Lisboetas abstencionistas presenciaram nas Wacky Races que oferecemos na nossa Cidade, em suma quem ganhou as eleições em Lisboa fomos nós. Agora até as condições nacionais são favoráveis à nossa ascensão.

O que não consigo entender nos cépticos é se acham que a oposição teria feito um melhor trabalho, ou se apenas queriam um Rui Rio melhor.
--
Cristina Santos