De: Alexandre Burmester - "Invisões"
Decididamente há pessoas que só entendem entre o 8 e o 800. Achar que o crescimento controlado é transformar o Porto no Alentejo, é como passar o aeroporto da Ota para o deserto. Pelo menos pela minha parte nada tenho contra a construção, por acaso até vivo dela. Mas não se diga que o azulejo é feio apenas pelo mau uso que se pode fazer dele. Faz-me tanta ou mais confusão obras com dimensão de 14 guindastes, fora ou dentro do Porto.
O cuidado que se deve ter nas opções construtivas e urbanísticas tanto vale para dentro como para fora das cidades, sejam elas o Porto, Lisboa, Viseu ou Freixo de Espada à Cinta. Veja-se o exemplo do Minho, outrora motivo de tantas inspirações, e hoje transformada numa região pejada de lixo construtivo e de opções de Planeamento catastróficas.
Na verdade nestas divagações, uma coisa tem razão – Quantas vias Nun´Alvares, existirão por esse país fora. Na verdade existem muitas, infelizmente. Vias que denotam a parolice dos autarcas, que pretendem transformar estruturas antigas e com qualidade ambiental, em avenidas à Capital, pejadas de mamarrachos à cidade grande. Argumentadas em PDMs de desgraça, e justificados por falsos ou maus urbanistas, que vendem ideias de urbanismo à moda antiga, feita à base de rolo compressor, sem ouvir e sem consultar ninguém, e cujas preocupações são especialmente vocacionadas para o desenho de vias, com espírito rodoviarista, que se desenvolve na profusão de rotundas e na introdução de auto-estradas dentro das cidades. E ainda e não por último voltadas ao capital da construção civil, para a criação de condições para a existência dos 14 guindastes.
O Porto não é o Alentejo, e ainda bem. Ambos têm personalidade e cultura própria. Assim como não tem qualquer sentido trazer para aqui as touradas, também não precisamos de levar para lá a Maratona da EDP, ou as corridas de calhambeques. Aconselho vivamente estadas no campo, até porque hoje em dia lá também se apanha a TVI, onde se pode ver a Floribela, os Morangos com Açúcar, e a Lili Caneças.
Alexandre Burmester