De: Pedro Aroso - "Eu fui ao Rivoli!"
Há tempos escrevi aqui na “Baixa” que não sou grande apreciador dos espectáculos de Filipe La Féria. Talvez por isso, a CMP não me convidou para o Jesus Cristo Superstar. No entanto, acabei por aceder ao pedido de uma amiga, que não queria ir sozinha, e assistir à 2ª sessão da estreia.
Embora a minha paixão seja o Jazz, já tive oportunidade de ver algumas óperas Rock: “Hair” (1970) e “Les Miserables” (1986), em Londres e Cats (1990), em Nova Iorque, só para citar as mais conhecidas. Em relação ao Superstar, só conhecia o filme e o duplo cd, que guardo na minha discoteca. Pois bem, o espectáculo que presenciei ontem à noite está ao nível do melhor que vi lá fora. La Féria abandonou o estilo bacoco, de cariz marcadamente alfacinha e revisteiro, que caracterizava as suas produções anteriores, introduzindo uma estética muito clean, mas com uma qualidade cénica irrepreensível. Entre os actores, todos muito novos, não havia uma única cara conhecida, pelo menos do grande público. Fiquei absolutamente estupefacto com as suas vozes. O mesmo posso dizer do conjunto dos músicos, verdadeiramente excepcionais. Por último, uma palavra de apreço para a adaptação do libereto, que é uma autêntica pedrada no charco.
Filipe La Féria não tem que se preocupar com o investimento que fez, porque Jesus Cristo Superstar está condenado a ser um grande sucesso de bilheteira. No entanto, se o Porto e o Norte não corresponderem ao seu esforço, também não há motivo para alarme. Basta transferir o espectáculo para Lisboa onde, por certo, vai estar mais de um ano em cartaz.