De: António Alves - "Identidades"
Rui Oliveira neste seu post presume que "95% da nossa população se sinta primeiro portuguesa e depois se refira à sua região de origem". Talvez presuma mal. Sem querer fazer qualquer extrapolação indevida, no entanto, o único estudo científico que conheço sobre o assunto tem resultados no mínimo espantosos e conclui coisas como esta:
«Os jovens da Região Norte identificam-se acima de tudo com a própria região de residência (31,6%) e cerca de 22,8% reconhece o país como imagem da sua personalidade.»
Considerando que a Região Norte é a mais populosa do país e também aquela cuja pirâmide etária ainda se encontra na sua posição tradicional, isto é, o número de jovens é superior ao de idosos, estes resultados permitem-nos tirar algumas ilações sem nos arriscarmos a cometer grandes erros.
Convém não acreditar muito no país que a televisão gosta de nos mostrar como real. Podemos ter surpresas inesperadas. É que as "verdades" oficiais às vezes são mais desejos que realidades verdadeiras. É como a velha história dos 6 milhões de benfiquistas. O único estudo (da Euroexpansão) minimamente credível que conheço sobre este assunto também me diz que cerca de 30% dos portugueses (perto de 3 milhões) são adeptos do FC Porto; e, mais ainda, no distrito do Porto esse valor sobe aos 80%, o que equivale só aí a cerca de 1 milhão e 500 mil pessoas. Considerando que o Sporting também é um clube muito popular, e não contando com os outros, dificilmente aquilo que a televisão, e não só, teima em nos querer convencer anda perto da realidade.
No péssimo estado em que a economia desta região se encontra, com o desemprego galopante, com todos os encerramentos de serviços de necessidade pública nas zonas interiores, e com a emigração quase maciça dos nossos jovens para a Galiza e outras regiões espanholas, um dia destes se fizerem novo estudo talvez os resultados sejam ainda mais surpreendentes. Em breve, os nacionalistas galegos descobrirão este inexplorado manancial e depois os "socialistas", e outros, que nos desgovernam talvez descubram que têm um problema.
António Alves
(Não andei com o José Sócrates na Universidade)