De: Rui Valente - "Podemos esperar, sentados..."
Hoje, através do jornal "Público" (pág.6), ficámos todos mais descansados. Ficámos a saber que o referendo à Regionalização pode ser lá para 2010. Atenção, minhas senhoras e meus senhores, pode ser, ainda ninguém disse que era. Temos muito tempo, que é coisa que não falta neste modelar país. Nada mau, animem-se!
Ficamos a saber, também, que o nosso 1º.Ministro, através de uma estratégia geradora de consenso popular, pretende criar uma dinâmica de vitória tão forte que a Regionalização não pode falhar, é já um sucesso garantido. Mas para isso, é preciso "prudência", quem o afirma é o Presidente da CCDRN, Carlos Lage.
Numa altura em que toda a oposição (quase toda), é hipocritamente favorável ao referendo às regiões, seria bem mais prático e inteligente que Sócrates recorresse à técnica judoca e aproveitasse a onda (leia-se força) partidariamente 'consensual' dos adversários para a usar a seu favor arrepiando caminho para solidificar tranquilamente os seus alicerces. Mas, não. Sócrates prefere a cirúrgica técnica das "pinças" porque as susceptibilidades eleitorais são muitas e recomendam-no.
Depois, ficamos confusos com elogios deste tipo, do senhor Carlos Lage dirigidos ao chefe: "tem o mérito e a responsabilidade de ter ido buscar ao baú do PS uma reforma que parecia morta". Ficamos confusos por não sabermos exactamente quem teve o demérito e a irresponsabilidade de meter a Regionalização no dito baú e se alguém foi política e criminalmente responsabilizado por isso! Já agora agradecíamos que nos fosse relatado o histórico deste idóneo jogo de rapa-tira-deixa e põe...
Chegados a este ponto, é bem provável que lá para 2010 - se ainda formos vivos - já com a Regionalização gasta, morta e talvez enterrada, possamos ler nas páginas do "Público" ou de qualquer outro jornal esta explicação de um qualquer assalariado público: "morta parecia que reforma uma PS do Baú ao buscar ido ter de responsabilidade a e mérito o tem". Perceberam? Não? Para o caso, não interessa porque a "palha" pode ser dada em qualquer sentido. O que é preciso é que os burros não se extingam.
Rui Valente