De: Hélder Sousa - "A animação da cidade"

Submetido por taf em Quinta, 2007-05-10 15:46

Olá,

Depois de tanta discussão sobre regionalização e descentralização na gestão de recursos, chamo a atenção para o estado lastimável e vergonhoso em que se encontra a Baixa da cidade.

  • 1. As principais ruas estão cortadas por causa das obras do eléctrico, mais longas do que o previsto. Mas tudo bem, com a regionalização os recursos eram mais bem geridos e tudo era mais rápido.

  • 2. As mesmas ruas estão disponíveis para os peões – essa massa anónima que habita as verdadeiras cidades – passearem em cima de terra, por entre escombros e tentanto evitar as máquinas. Mas tudo bem, o grande regionalizador que preside a esta grande região tratará de tudo quando o governo central der mais meios para a cidade.

  • 3. Como se não bastasse, temos o 1º evento de ski urbano do mundo. Numa época de contenção, ONDE AINDA EXISTEM BAIRROS SOCIAIS E PESSOAS A PEDIR/DORMIR/VIVER NA RUA (ahhhh! Esse grande argumento sócio-coisa que o grande regionalizador e sócio-economista apregoa) damo-nos ao luxo de ter o primeiro qualquer coisa do MUNDO – grande nação portuense, para que precisas tu de Lisboa e da capital – e cortar as poucas ruas que ainda subsistem à grande invasão animadora da Baixa da Cidade.

  • 4. Com tudo isto, o Sr. La Feria acaba por ter razão: com tanta animação na cidade, o melhor mesmo é adiar a estreia do seu primeiro (e absolutamente extraordinário) espectáculo no Teatro Rivoli. Teatro que, de resto, está a ser pago pelos contribuintes durante estes meses, enquanto o Sr. La Feria espera calmamente que alguém lhe dê (ou empreste sem esperança de retorno) o dinheiro que ele precisa para o terminar. (Se os actores estivessem a ser pagos por cada mês de adiamento da estreia, não creio que compensasse a espera, mas enfim...)

  • 5. Por fim pergunto: com corridas na Foz, aviões no rio, Ralis nas Antas, esqui na 31 de Janeiro e o La Feria com o Rivoli na expectativa de um dia vir a ter um espectáculo, sem contrato de concessão e com despesas pagas pela CMP, não estará a CMP a gastar um bocadinho mais do que o que se poupou à custa dos cortes do INVESTIMENTO da CMP no trabalho de dezenas de pessoas que dependiam do trabalho das associações culturais e dos eventos artísticos que produziram durante os últimos anos? (Isto é só uma suposição. O grande economista da cidade é que sabe fazer contas.)

Com ou sem regionalização, eu ofereço o meu voto a quem prometer acabar com a cidade do Porto, com a AMP e juntar estes terrenos a Lisboa ou a qualquer outra cidade decente. Esta está irrespirável. Pelo menos para quem ainda caminha nas ruas e duvida de gente honesta.

Para terminar deixo um link para quem ainda acredita noutras coisas: Cidade de Abrigo

Hélder
Um cidadão envergonhado