De: David Afonso - "Tradições, sons e a história da calçada que foi ganhar a vida para Espanha"
1. Ontem lá tivemos mais uma reedição do estranho ritual do Cortejo da Queima das Fitas. É coisa que, confesso, nunca percebi. Mas é uma "tradição" e as "tradições" são intocáveis por definição. Há que aceitar. O que não entendo é que a cidade tenha de ficar em estado sítio durante um dia para se fazer cumprir a "tradição". Nem automóveis, nem STCP conseguem circular. Tudo pára porque o cortejo de doutores vai passar. Se tem mesmo de ser, se a coisa tem de se repetir todos os anos, então que a façam à noite, a partir das 22:00. Seria mais bonito, mais sofisticado e mais de acordo com o espírito reinante entre as ilustradas hostes. Tudo isto com a vantagem de a cidade poder continuar a trabalhar de modo a garantir emprego aos senhores doutores. E não me venham dizer que não dá, que em Aveiro a coisa faz-se à noite e saem todos a ganhar. Vamos pensar nisso, vamos?
2. E que tal um mapa sonoro do Porto (e de Braga e de Guarda e de Torres Vedras e de Lisboa)?
«Cinco Cidades é um projecto interdisciplinar que documenta a cultura e sons de cinco cidades portuguesas. O projecto culmina numa tornée portuguesa em maio de 2007 do trio constituído por William Parker, Victor Gama e Guillermo E. Brown ("The Folk Songs Trio"). Em cada cidade, o Folk Songs Project criará um ambiente de sons que os músicos integrarão na sua performance. O projecto começou com recolhas de campo em cinco cidades em março de 2007, trabalhando com comunidades locais para gravar músicos, habitantes residentes e sons ambientes que representam cada cidade. O resultado desse trabalho foi usado para criar um mapa interactivo para cada cidade com o qual os visitantes podem remisturar sons e vozes para criar a as suas próprias gravações. O web site também será usado como recurso para as performances. O web site é um repositório de sons em curso – aceitam-se novas contribuições para serem adicionadas ao site. Cinco Cidades foi concebido e produzido pelo The Folk Songs Project, em parceria com a Pangeiart.»
Ah, dia 12 de Maio em Serralves. Lá estarão.
3. A calçada à portuguesa não morreu. Apenas migrou para Espanha, para Madrid para ser mais concreto. A culpa é da inconsciência dos holandeses west8 que se lembraram de calcetar deste modo a Avenida de Portugal. Siza não passou por ali.
PS: Os links dos pontos 2 e 3 foram-me sugeridos por Carlos Dias que, apesar de confesso apreciador da intervenção do Siza nos Aliados, desportivamente me indicou o link west8. Não sei se voltarei a ter essa sorte ;)
David Afonso
attalaia@gmail.com