De: António Alves - "Visitar Vigo e não só"
Desde 1990 e até tempos ainda recentes, por motivos profissionais, pernoitei em média duas noites por mês em Vigo. Como o meu trabalho me deixava bastante tempo livre entre serviços, aproveitei sempre para conhecer a cidade assim como toda a região envolvente e outras cidades importantes como Santiago de Compostela e Corunha. Fui assim testemunha privilegiada, dentro dos limites óbvios de alguém que não vive lá e que praticamente pouco mais fazia que turismo, do salto que a Galiza deu na última década.
No sector que melhor conheço – a ferrovia – o avanço foi surpreendente. Nos primeiros anos das minhas idas a Vigo, os comboios regionais que por lá andavam, umas automotoras diesel conhecidas na gíria ferroviária por "camelos", eram um equipamento muito obsoleto e bastante pior que o material que nós para lá mandávamos diariamente. Hoje, depois de passarem pelas nórdicas TRD, estão equipados com as moderníssimas automotoras diesel pendulares que circulam a 160 km/h, garantindo com elevada qualidade as ligações regionais entre Vigo e a Corunha. Este equipamento é capaz de reconhecer o perfil da via por GPS e assim activar o sistema de pendulação. Um must de fazer inveja a qualquer um.
Nos outros sectores, e na vida em geral, aconteceu o mesmo. Pelo menos, com o passar dos anos, as melhorias nas ruas, nos edifícios e nos equipamentos citadinos foram evidentes. A melhoria da condição económica das pessoas também se notou a olho nu. Em 1990 ainda em muitos aspectos nós por aqui na região do Porto estávamos bastante melhor. Hoje julgo que a situação se inverteu.
Nada dista invalida que, apesar do nosso marcar-passo, o Porto e a Região Norte ainda apresentem vantagens competitivas importantes. A começar pela dimensão: basta subir, em Vigo, ao Monte do Castro e ver facilmente que a dimensão e a densidade da área Metropolitana de Vigo não se compara à do Porto. Atentem na imagem abaixo, que representa as densidades populacionais da península, e tirem as vossas conclusões. A mancha urbana do Cávado ao Vouga, onde se integra a Área Metropolitana do Porto, é das mais densas e extensas da península. Compara-se às áreas de Madrid e da Catalunha. É um gigante adormecido. Acordem-no!
António Alves