De: Cristina Santos - "A Feira em Cedofeita"
O mercado não aguenta tudo e a prova disso é a situação actual da Rua de Cedofeita. As lojas transformaram-se na tentativa de dar resposta a um poder de compra diminuído e o resultado são mensagens como a afixada na montra de uma loja de desporto: «Em Abril não nos encontra aqui, mas pode visitar-nos em Monte dos Burgos, Gaia, Maia e Vila do Conde.»
Nas montras das antigas botiques anunciam-se promoções, no interior rara é a peça que não apresenta defeitos de fabrico, verificar Mango ou antiga Zara. O resto resume-se a um mercado concorrente com as feiras, que consegue oferecer produtos mais baratos que os dos tendeiros. Já pouco falta para vender DVD a 5 euros, também não há lojas de multimédia…
Na Páscoa visitei Cabeceiras de Basto, decorria lá uma dessas feiras, até estava entusiasmada porque corre boato que na feira é tudo mais barato. Pelo que pude ver é um engano, os mesmos produtos podem ser adquiridos em Cedofeita a preços mais baixos e hoje pude confirmá-lo. O mercado está mau, o poder de compra está de rastos, mas como chegamos nós a este ponto? Como é possível, Cedofeita uma feira privilegiada situada numa Rua emblemática da cidade do Porto?!
Seria bom perguntar pela Sr.ª D. Laura, onde anda essa esfinge do apoio ao comércio tradicional, que faz essa associação pelos comerciantes, e onde andam os comerciantes astutos que detestavam múmias e todo o produto que cheirasse a caruncho? E agora os trabalhadores do comércio ainda vão fazer greve, para quê? Não percebo, só se for para ficarem no desemprego mais depressa.