De: António Alves - "Ramal Ferroviário do Aeroporto"
Recentemente um conjunto de personalidades do Porto defendeu - e muito bem - a gestão separada e regionalizada do Aeroporto Francisco Sá Carneiro. A justificação apresentada foi a defesa do investimento recentemente realizado neste equipamento, do papel estruturante que este tem na economia regional, e o objectivo de evitar a sua subalternização aos interesses em jogo na Ota.
Neste contexto de discussão sobre a construção, ou não, do Novo Aeroporto de Lisboa, e aproveitando o facto de dentro de dias a viagem ferroviária entre a capital e o Porto passar a demorar apenas duas horas e 35 minutos, proponho que as mesmas personalidades defendam a construção dum ramal ferroviário que ligue a aerogare de Pedras Rubras à rede ferroviária nacional.
Existem já renovados cerca de 200 km da Linha do Norte. Embora destes 200 km apenas cerca de 50%, por razões várias, estarem a ser explorados no máximo da sua potencialidade, já é possível fazer a viagem entre as duas principais cidades em pouco mais de duas horas e 30 minutos. Julgo que a breve prazo será possível conseguir reduzir ainda mais o tempo de viagem. A meta das duas horas não é algo de impossível e se houver vontade política é mesmo facilmente alcançável.
Considerando que os aeroportos de Lisboa (Portela) e Porto, em conjunto, têm uma capacidade potencial de mais de 30 milhões de passageiros/ano, e sendo possível ligar o aeroporto do Porto, por caminho-de-ferro, a Aveiro em uma hora, a Coimbra em uma hora e 30 minutos e a Lisboa em duas horas e 30 minutos, e considerando também que metade da população portuguesa vive a norte do Mondego, poderemos até facilmente concluir que a construção dum mega aeroporto na região de Lisboa é desadequada e economicamente desastrosa.
Para ligar a aerogare de Pedras Rubras à rede ferroviária nacional basta construir um pequeno ramal de 2,5 km, em terrenos livres, ligando a Linha de Leixões, a partir da zona das oficinas da EMEF e Metro do Porto, ao Aeroporto do Porto. Sem megalomanias, se os "engenheiros" deste centralismo que nos sufoca fossem capazes de ver o país sem as lentes lisboa-cêntricas do costume, seria possível resolver o problema do aumento da procura aeroportuária por longo tempo e quase de borla. A contento de todos.
A luta continua!
António Alves