De: David Afonso - "Norte de Portugal e Galiza"
Em contraponto à crescente centralização administrativa e política do país, o próximo quadro de apoio poderá ajudar a desenvolver a colaboração transfronteiriça entre a Galiza e o Norte de Portugal. Na Eurorregião Galiza-Norte de Portugal surgirão projectos comuns na área da saúde, educação e cultura, os quais poderão passar até pela criação de infra-estruturas comuns. Enquanto Lisboa redefine as fronteiras da nação à sua maneira, isto é, esquecendo as populações do norte e interior, a Galiza também o faz, mas na exacta medida em que Lisboa recua. O futuro dos galegos está em grande medida no Portugal que Lisboa não quer. E o do Porto também. Resta saber se saberemos aproveitar esta oportunidade. Caso contrário, ficaremos entalados entre dois centros numa situação ambígua de dupla marginalização. Devo dizer que na minha opinião o Porto não deveria perder o Norte. Uma coisa é ser uma cidade-satélite subsidiária de um centralismo voraz, outra coisa é participar numa rede regional de pequenas e médias cidades onde os recursos, bem como a riqueza gerada, poderão ser redistribuídos de uma forma justa e equitativa.
Outro assunto, embora relacionado: não compreendo como é que os jornais nacionais e até mesmo locais/regionais não acompanham estas notícias. Quando um tema que é do interesse de todos nós só é consultável no Faro de Vigo é porque alguma coisa vai mal. Para quando um projecto jornalístico vocacionado para a Galiza e Norte de Portugal? Um semanário ou até mesmo um diário para alguns milhões de cidadãos não é sequer um negócio a desprezar. O Porto viu nascer alguns dos mais importantes títulos nacionais, agora seria o tempo certo para o primeiro periódico ibérico, quer dizer, luso-galego.
Post Scriptum
1. Joana: Acredite que pensei no mesmo. A aparente popularidade de Salazar andará muito ligada a um certo sentimento de insegurança e de impotência. E o que fazer a esta gente? Se calhar também seria tempo de se começar a pensar numa SRU Social, já que é com estes e não outros que teremos de viver.
2. Caro Aroso, devo confessar que também eu me senti incomodado com a falta de lisura e de respeito com que se referiu a Vasco Gonçalves. Uma coisa é discordância política, outra coisa é o homem e a família. Não sou apologista do gonçalvismo e por isso mesmo sinto-me à vontade para assinalar aqui o meu repúdio. O dia em que a falta de educação se tornar prática corrente neste blogue, tratarei, de imediato, de ir pregar para outra freguesia.
David Afonso
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