De: Evaristo Oliveira - "O Comércio tem o seu risco"

Submetido por taf em Quinta, 2006-04-20 23:52

Lamento, mas só tenho de estar de acordo com os últimos comentários sobre o comércio da nossa cidade. Como portuense, e morador, vejo e sinto dia após dia o seu definhamento.

Preocupa-me sobremaneira o encerramento sistemático de lojas, algumas de referência e com carisma, cá no burgo. Esta situação que, em parte, se poderá assacar à actual crise económica, não pode todavia, ter como corolário conclusivo a sua “morte”, como se lê nas “tiradas” já estafadas da presidente dos comerciantes. A “lenga-lenga” a que nos habituou, já não convence, mas parece que há ainda comerciantes, pelo menos de nome, que acham que a conversa miserabilista da dita senhora, pode ainda conseguir alterar o rumo das coisas.

Tão tramados.

Como dizem alguns "opinadores" anteriores, o comércio tradicional, tem de se mesclar com os novos conceitos de venda em espaços, sejam eles dentro, ou fora de centros comerciais. A Europa já há muito se habituou a esses novos conceitos. Junto envio uma foto de Vienna.

Vienna

Naquela rua, pedonal, como aliás outras que o não são, o comércio fervilha durante todo o dia, inclusive naqueles em que as temperaturas são abaixo de zero. O comércio, com lojas de rua, é um misto de tradicional, à nossa moda, e de marcas internacionais, franchising, com certeza. Todos fazem negócio, o estacionamento em redor é ordenado e controlado, não parecendo que os comerciantes estejam muito inquietos, ou preocupados, pelos “fregueses” não terem lugar para estacionar.

Também valha a verdade, que não é necessário muito essa preocupação, os transportes públicos, onde existem milhares de pessoas em trânsito a qualquer hora do dia, estão a “anos luz” daqueles que possuímos, seja metro, eléctrico, autocarro, etc... Todos articulados, inclusive com percursos turísticos, com a finalidade de nos deslocarmos dentro da cidade, sem necessitarmos de andar atrelados ao “pópó”.

Por exemplo, uma batalha que a dita associação de comerciantes do Porto deveria travar sem tréguas, já que existe um impulso dado pelo nosso Metro do Porto, era preocupar-se sistematicamente por cada vez melhores transportes colectivos, isto pressupõe, no mínimo, reivindicar uma vigilância sistemática (que ao que dizem existe mas não se vê) sobre o estacionamento selvagem, e não “choramingar” por lugares de estacionamento.

Voltando ao exemplo de Vienna, ali ao lado, existem também vários espaços, tipo shoping, que vão concorrendo como podem. Mas, aquilo que se percebe, é que “o pessoal” gosta mesmo de ver montras de rua, algumas são perfeitas maravilhas de ornamentação, sejam em edifícios antigos aproveitando a sua “traça”, ou modernos tornando-as mais atractivas. Fazem jus ao ditado, “os olhos também comem”.

Talvez, também, seja uma das razões do definhamento do nosso comércio, o seu conceito estereotipado de exposição, sem grandes ideias sobre novas decorações ou exposição. Neste particular, era necessário apostar em “designers”, e ideias frescas. Claro, isso implica investimento, coisa em que muitos não querem apostar, nem arriscar. Então que o não façam, mas que não se cognominem de comerciantes.

E, aqui radicam muito dos trejeitos das Lauras Rodrigues da nossa cidade. Não arriscam, esperam que lho venham trazer numa bandeja.