De: Alexandre Burmester - "A Ponte D. Maria, a estação das Devesas, os projectos do TGV, e a mulher do cozinheiro (REFER)"
Há uns dias o Presidente da Câmara de Gaia, em desespero de causa, queixava-se que a Refer não cumpria o prometido em relação à cedência da via-férrea desactivada de Gaia. Estava esta via já inserida no plano de acessibilidades e procedia a Câmara a desapropriações para completar o seu traçado, com vista a resolver um imbróglio no emaranhado dos quelhos de Gaia, que o Metro veio complicar. O mesmo poder-se-ia falar sobre a linha que liga à Alfandega, desactivada há anos, ou a linha do Porto de Leixões.
Imagino eu o quanto foi preciso de paciência e perseverança para negociar com a Refer, pelas suas políticas de “relógio parado”, mas que nunca consegue bater sequer uma hora certa. Tem a Refer aquela atitude típica das Instituições Públicas de não saber, não atender, e de nem responder. Digo isto com o conhecimento de causa, de quem já esteve envolvido em assuntos que lhe diziam respeito, nomeadamente a propósito da Estação das Devesas, e ainda da Ponte D. Maria.
A Ponte D. Maria, sabe-se agora o que já era óbvio para alguns, a sua falta de uso e de manutenção colocam a sua estrutura em risco, e mais uma peça do nosso Património que deveria estar ao serviço da cidade nem que fosse como atracção turística, encontra-se abandonada e em estado de degradação. Se calhar no dia que forem fazer o respectivo restauro vai acontecer o mesmo que com a ponte de Viana.
Quanto às Devesas é caso para mais uma vez vir aqui afirmar o descalabro da 2ª ou 3ª cidade do País ter uma estação que é o último grito dos anos 40. Acresce que esta estação, além de Gaia, ainda serve metade da população da cidade do Porto. O descalabro é bem patente quando se sai de Lisboa da Gare do Oriente (ex-libris do Parque das Nações), num comboio aparentemente rápido mas que se move a 240 Kms à hora em apenas 10 minutos das 3:00 horas de trajecto até ao Porto, e que despeja os seus passageiros neste apeadeiro.
A estação do Oriente, com metade das escadas em funcionamento, com guichés mal localizados e sem informação, com uma zona comercial de baixa qualidade; a revisão das linhas que faz com que o “comboio rápido” seja tão lento como o que existia há 30 anos atrás, e até o serviço de bordo do Alfa Pendular, são bem a marca “tasqueira” que a Refer faz das suas infra-estruturas.
Alexandre Burmester