De: José Silva - "Geopolítica e Geoeconomia a Norte"
Os tempos que correm são propícios a fazer uma breve análise geopolítica e geoeconómica do Norte de Portugal. Correndo o risco de ser superficial, considero que há protagonistas/instituições em baixa e em alta. Estes últimos poderão aproveitar ou não as oportunidades e evitar as ameaças.
Vejamos:
Protagonistas em queda:
- - Ludgero com o disco arranhado da flexibilização das leis laborais e em crise existencial, com referiu há dias o presidente da CM Matosinhos;
- - Valentim Loureiro e toda uma época de fazer política;
- - Rui Rio que quer um Porto igual a Miranda do Douro e o seu recente «clone» a sul, Élio Maia, presidente da CM Aveiro;
- - Carlos Lage que começa a ficar nervoso: é difícil ser intelectualmente sério, militante do PS e viver a Norte, tudo isto ao mesmo tempo;
- - Ricardo Rio ainda se ouve fora de Braga; Mesquita Machado nada;
- - Defensor Moura, com o seu esquema de dinheiro do Polis para amigos imobiliários via prédio Coutinho;
- - A tese «F.C.P.», Feliz Como no Prozac, segundo a qual os residentes do distrito do Porto iriam afogando as mágoas da ausência de perspectivas económicas e profissionais com as alegrias e vitórias do FCP;
- - Esgotamento do discurso de Rui Moreira ao confessar o arrependimento por ter votado contra a Regionalização em 98. Se não o tivesse feito talvez hoje já tivesse vendido os escritórios do Burgo...
- - Os dirigentes da UP que não fazem reengenharia interna mas que se dedicam a ensinar empreendedorismo. Vejam só, funcionários públicos a ensinar a ser empresário. Pior do que isso é haver alunos, talvez do tipo geração dos morangos açucarados. Entretanto a Unicer e Efacec tem que recrutar gestores de topo em Lisboa…
Ameaças:
- - Asfixia do porto de Leixões devido à inexistência de intermodalidade; VRI, concluída há anos, continuar por inaugurar, precisamento ao contrário do que acontesse com a a intermodalidade de Vigo...
- - Elite galega com uma visão de falcão sobre o Norte de Portugal;
- - UAveiro «virada» para a cultura e humanidades;
- - Fim da promoção da marca (FC)Porto com o fim do reinado frutícula Costa&Teles;
- - A desvalorização imobiliária a Norte devido à «drenagem» da OTA; E também o apetite das empresas a norte (Motas, Efacecs e Soares das Costas) em participar na construção da OTA; Caros senhores, por exemplo, a conversão da rede ferroviária para bitola europeia gera os mesmos negócios, é mais útil e não centraliza Portugal em Lisboa! Tenham vergonha!
- - Mais desvalorização imobiliária com a fuga para a Galiza, se calhar a alta velocidade. ;
- - Genetica incapacidade na reorganização administrativa; Este povo nem se governa nem se deixa governar, diziam os romanos dos lusitanos quando cá chegaram;
- - Centralismo assustado com a perda de poder (Prisa compra TVI, Cavaco preocupado com centros de decisão, pode contra-atacar ainda com mais força.
Protagonistas em alta:
- - Tecnologia do Minho nomeadamente o percurso do DEP/3Bs de Guimarães;
- - Empresas em crescimento a norte como sejam a Douro Azul, Bial, Martifer, Vulcano, Simoldes e os ex-tradicionais Salsa, Ana Sousa, MikeDavis, Lanidor, Decénio e Aerosoles;
- - Conde Pinto da Adeturn;
- - A fusão do IBMC/IPATIMUP/INEB no Porto;
- - Jornal de Notícias, o Porto Canal, a Aveiro TV e Minho Região TV que dão voz ao Norte e que estão ou vão roubar audiências e receitas publicitárias à comunicação social de Lisboa;
- - Menezes e restantes presidentes de câmara da AMPorto, que tem impedido Rio de fazer mais figuras tristes;
Oportunidades:
- - Os fazedores de opinião do maior blogue do Norte e Top10 nacional que após vários anos de bizantinices e bushices, tornaram-se práticos e passaram a defender a Regionalização ou a criar uma petição anti-OTA;
- - Imóveis a Norte menos valorizados mas com bons acessos internacionais, atrairão investidores. Eis o que se passa com os nossos vizinhos galegos;
- - Braga: Instituto de nanotecnologia ibérica e unidade de outsourcing de serviços gestão da IBM poderão reforçar um cluster de TI já forte na cidade;
- - Eventual fim do ciclo de falência das empresas tradicionais a norte tão bem previsto por Pedro Arroja aqui;
- - Através das linhas aéreas «lowcost», metro no aeroporto e CP Porto, o Norte até à Régua está a 6 horas e 50 euros de Paris, onde vivem um milhão de emigrantes nacionais. A linha TAP Porto-Paris transportou em 2005, a preços normais e antes da rota Ryanair, 215000 passageiros, quase 1000 por cada dia. Imaginem se os nossos emigrantes, em virtude das viagens mais baratas, decidirem passar férias por cá para além do tradicional mês de Agosto.
- - Bragança e Miranda do Douro a 3 horas de Madrid por comboio de alta velocidade a partir deste ano e investimentos anunciados na linha do Douro;
- - OPA da Sonae à PT;
- - O fim da colonização de Braga por Lisboa, como transparece a indignação de António Marques da AIMinho;
- - QREN.
Votos de um bom trabalho de casa para todos.