De: Rui Valente - "Quórum à portuguesa"

Submetido por taf em Sábado, 2006-04-15 18:09

Caros conterrâneos,

Na qualidade de portuense assumido e descomplexado, que procura conforme pode e sabe, defender o que lhe parece melhor para a sua terra, peço-vos o favor de não deixar passar em claro qualquer gafe (do francês gaffe) ou omissão ortográfica que eventualmente venha a cometer no futuro, a fim de evitarmos que o nível cultural dos nossos depoimentos resvale para a mediocridade e possa chocar a sensibilidade intelectual daqueles que aqui só escrevem o português no seu estado mais sublime e puro...

Ficam portanto, desde já aqui expostas, as minhas antecipadas desculpas pela minha imperícia, mas como o meu paizinho me ensinou que o saber é uma meta eternamente renovada, presumo que me perdoarão, caso isso venha a acontecer.

Já aqui escrevi que não tenho grande confiança no nosso sistema político e ainda menos na categoria dos nossos políticos. Vou ter de novo de o reafirmar e explicar porquê.

Numa altura que se pede ao povo (já nem sequer é novo, mas enfim), sacrifícios de toda a ordem, em que o desemprego acelera e se acrescenta mais uns furos ao cinto para o apertar, os nossos ilustres e respeitáveis deputados decidem deixar sem quórum a Assembleia da República numa tarde de quinta-feira de trabalho!
Exemplar, não acham?

São estes políticos que aconselham o povo a trabalhar mais, a votar, que demonstram genuínas preocupações com os seus direitos, que o censuram quando a abstenção é grande, que acham, enfim, que se lhes deve dar "bola" (quero dizer voto), com receio de perderem os tachos porque tanto se bateram. É este o sentido de Estado desta gente desavergonhada que ocupa lugares de relevo sem terem o mínimo de capacidade e categoria para os merecerem.

Dir-me-ão, mas não foram todos! É certo. Mas, se o sistema o permitisse, esta era uma boa oportunidade para correr com todos os preguiçosos e bons vivants da Assembleia que debandaram aos Algarves e Cubas e substituí-los por aqueles que ficaram no seu posto a cumprir dignamente com o seu dever. Por que não?

Mas, desculpem-me mais uma vez, a minha ignorância não dá para mais... Se calhar, acabo de cometer uma heresia. É tão triste ser ignorante. Paciência, não dou para mais, que querem?

Páscoa Feliz para todos!
(Cuidado com as amêndoas)

Rui Valente
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Caro Rui Valente, eu volto a sugerir isto. :-)