De: Alexandre Burmester - "Reabilitação do Aleixo"
Vem este comentário a propósito da notícia publicada em 23 de Janeiro no DN - Rui Rio quer apresentar uma solução para o Aleixo até final deste mandato, «O presidente da Câmara do Porto admitiu ontem apresentar, até ao final deste seu segundo mandato, uma solução para o Bairro do Aleixo. "O executivo está a trabalhar nesse sentido", disse Rui Rio, não especificando, contudo, qual o tipo de intervenção a ser efectuado naquele que é considerado um dos bairros mais problemáticos da cidade, sobretudo devido ao tráfico de droga. "Pode ter muitas vertentes", disse. Segundo o autarca, "qualquer que seja a intervenção, vai envolver muitos milhões de euros". Trata-se de "um projecto complexo e de grande envergadura", pois, para além do dinheiro necessário, "estão em causa muitas famílias", disse Rui Rio».
O Bairro do Aleixo apresenta inúmeros problemas, mas se houvesse boa vontade, palavra e imaginação poderiam estar resolvidos há muito tempo. E nem seria necessário gastar muito dinheiro. Aproveito então para deixar aqui uma sugestão bem realista e possível, e que se enquadra com muitas das intervenções que a esse propósito já tive oportunidade de aqui manifestar.
De entre elas destaco as seguintes ideias:
- - O contínuo erro de resolver o problema habitacional com a construção de Bairros Sociais;
- - O excessivo dimensionamento destes bairros que os transformam em guetos;
- - A postura Paternalista do senhorio (Estado ou Câmara);
- - E a constante postura reclamativa dos inquilinos.
Diz o ditado que melhor que dar o peixe é ensinar a pescar, e infelizmente essa não tem sido a atitude de uns e outros. A maior parte da resolução dos problemas dos bairros sociais passa pela criação de “lugar”, o que significa essencialmente – INTEGRAÇÃO. Ora, no caso do Aleixo, existe uma forma de integração na área urbana que se apresenta de fácil resolução. A Norte e a Poente deste bairro foram feitas recentes urbanizações, cujas características e uso vieram transportar para o seu contexto novas qualidades. Faltará aqui tratar os terrenos a Sul, junto ao rio Douro que, se transformados de uma zona abandonada passassem a ser mais um bairro com alguma qualidade, deixaria o Aleixo de ser um gueto, para se transformar na ponte entre as urbanizações adjacentes. Poderia, se calhar e ainda, ganhar um valor imobiliário, que por si traria outra apetência aquela área, e que por si se traduziria na sua própria reabilitação.
Agora as questões que deviam ser colocadas à Câmara e ao seu Presidente, empenhado que está na reintegração do bairro, são:
- 1. Porque é que estes terrenos se encontram no estado em que estão?
- 2. Porque será que o projecto de reconversão destes terrenos tramita na Câmara desde há longos anos?
- 3. Porque necessita de tanto investimento, quando o trabalho pode ser feito por promotores privados?
- 4. E porque que é que nem sequer a Câmara se digna a receber o proprietário?
Alexandre Burmester