De: Alexandre Burmester - "Investimentos em Gaia"

Submetido por taf em Sábado, 2007-01-20 17:47

A propósito da notícia que vem hoje publicada sobre os investimentos previstos para a zona histórica de Gaia, que serão porventura um excelente exemplo do que Gaia tem conseguido atrair, contrariamente ao Porto e à sua política que tem conseguido repelir, nem tudo são rosas.

Um dos projectos que vem referido nesta notícia – Casas de Gaia, da responsabilidade do nosso escritório, e que tem servido como exemplo de reabilitação e de reanimação das margens do Douro, levou quase 4 anos a ser licenciado. Daqui se conclua o desespero do investidor e a nossa desgraça como projectistas, que faz com que um projecto rapidamente se transforme, após inúmeros Aditamentos, numa folha de obra que não há ninguém que nos pague.

Para isto não terá apenas culpa as tramitações burocráticas da Câmara, mas também o sistema “Complex” que se vive de Licenciamentos, e mais ainda a velocidade preguiçosa da postura dos órgãos públicos.

Outros investimentos nestas áreas poderia ainda a Câmara de Gaia estar a apresentar, num valor aproximado de 50 milhões de Euros se outra postura tivesse. Mas com estes prazos rapidamente se afastam investidores. Não irei aqui particularizá-los, para não comprometer os investidores, mas com outro investimento poderei fazê-lo porque me compromete directamente, o que em nada me aflige.

Gaia

Trata-se das antigas instalações da CAM, antiga fábrica de arroz que fechou há uns anos, edifício com cerca de 10.000m2 junto ao rio, e que com muito esforço e dedicação pôde vir a ser reabilitado ao longo dos últimos 10 anos. Até à data foi recuperada metade das suas instalações aqui representadas a verde, e que albergam diversas e prestigiadas empresas, com um total de cerca de 150 postos de trabalho. Quanto à outra metade, a área azul destinada a habitação, foi objecto de desistência após 2 anos de tentativas de aprovações; a área a vermelho, destinada a uso misto, corre há 4 anos na Câmara e já lá vão 4 diferentes projectos.

Por estas razões volto a insistir numa ideia que me farto de aqui referir, porque para um trabalho de Reabilitação urbana consistente, seja ela em Gaia ou no Porto, não basta querer porque não chegará alterar arruamentos ou inventar regras de ocupação, porque nunca será por decreto e regulamentos que se irão transformar estas áreas. Só poderá ser no desenvolvimento conjunto com os empreendedores privados, no restrito cumprimento da lei, mas na boa vontade de colaboração e no diálogo.

Alexandre Burmester