De: Cristina Santos - "A Quinta do Covelo"
A Quinta do Covelo é um dos meus jardins preferidos, lembram-me sempre o sítio do pica pau amarelo, era para ser feira popular mas ainda bem que não o foi.
Anunciarem agora que vão realizar um concurso de ideias parece-me bom, parece-me é que já ouvi isso há uns 3 anos atrás, tenho uma vaga ideia de se anunciar a recuperação do espaço, mas nada foi recuperado a menos que recuperar seja demolir.
O Salgueiros também tinha uma proposta para o espaço, Francisco Assis também e Rui Sá pretendia que a parte dos terrenos que pertencem ao ministério da saúde fossem cedidos à Câmara.
Em quatro anos removeram o que restava do parque infantil, relembro que o espaço infantil era um círculo em betão pintado de cores alegres, o escorrega era um pássaro enorme que nos deixava deslizar por entre as suas asas, tinha casas de banho com portas de tábua em linha pintadas de cores alegres, hoje não tem nada, demoliram e deixaram os tubos e os ferros à vista.
No antigo percurso haviam diversos troncos que serviam para corridas de obstáculos, hoje estão despregados, soltos, partidos. As quedas de agua continuam sem fluência, já não são cor de laranja, são cinzentas.
O chafariz na entrada pela Rua do Bolama continua com água preta, não se vê há muito tempo o rasto dos escuteiros que costumavam passar por ali e tomar conta daquele espaço.
A queima das fitas que lá autorizaram nos anos 90 tinha destruído muita da vegetação protegida, hoje está refeita e temos lá as camélias mais lindas da cidade.
Infelizmente a parte conservada reduz-se aos espaços verdes que servem de enquadramento à Horta ecológica que só abre portas em dias úteis.
A igreja, linda, continua em ruína estando ocupada por restos de granito que vem de toda a Cidade, não tenho bem a certeza mas a igreja era propriedade conjunta do Ministério da Saúde e da Câmara, proveu-se em tempos fazer lá um sanatório.
Talvez a razão do anúncio pequenino seja apenas para anunciar timidamente que ainda não se cumpriu um dos objectivos traçados no 1º mandato, talvez até nem seja para cumprir, julgo parte dos terrenos ainda pertence ao ministério da saúde. Mas com boa vontade era possível recuperar sem grandes problemas ou concursos, a última intervenção significativa tem para aí 10 anos, bastava pegar numas madeiras recompor as portas e as casinhas, renovar os equipamentos, fazer um novo pavimento no parque, betumar as brechas e pintar.
Aproveitar as paredes ao alto fazer uma cobertura em madeira e expor lá objectos antigos.
As infra-estruturas estão feitas, há diversidade, há carácter, há espaço, talvez só seja mesmo preciso recuperar e colocar um novo parque já que o anterior foi demolido.
(foto de Rui Fonseca )
Cristina Santos