De: Juntos no Rivoli - "Comunicado"

Submetido por taf em Quinta, 2006-12-21 19:27

PELO PORTO JUNTOS NO RIVOLI
APARTADO 4136
4000-101 Porto
juntosnorivoli@gmail.com

Comunicado
Um processo duvidoso, um futuro comprometido

Depois de cinco anos de gestão da sua exclusiva responsabilidade e em que a principal preocupação do executivo municipal e do seu presidente foi a de, lentamente, destruir o projecto do Rivoli Teatro Municipal e da Culturporto, a maioria na Câmara Municipal do Porto prepara-se para dar a machadada final num projecto que foi e é reconhecidamente um projecto válido e importante para o desenvolvimento e fortalecimento duma Cidade que se quer moderna e desenvolvida.

Com a entrega da exploração do seu Teatro Municipal – reconstruído com fundos comunitários e com base num projecto que previa a sua exploração em prol da cidade, dos seus artistas e do seu desenvolvimento – a um empresário privado com um projecto nitidamente comercial, o executivo municipal prepara-se uma vez mais, para negar o seu papel, remetendo-se a um desempenho medíocre apenas pautado por uma lógica contabilista e de virar costas a tudo o que seja investimento cultural estruturante.

E fá-lo num processo onde, mais do que cegueira política e incapacidade de perceber questões essenciais, se revela duma incapacidade técnica confrangedora. Basta ler o anexo que enumeramos, os passos dados até chegarmos ao dia de hoje, para percebermos que se tratou de um caminho feito de contradições, adiamentos e hesitações, que mancham desde logo uma decisão que deveria ser transparente e baseada em pressupostos sólidos.

Um equipamento da importância do Rivoli, uma decisão política grave, a de conceder a sua exploração a privados, exigia que a Câmara Municipal do Porto tivesse agido de forma criteriosa que não desse azo a que todas as dúvidas se tornem, à luz deste processo, absolutamente legitimas.

Ganham força os que desde o início afirmaram, que o concessionário estava escolhido e que Rui Rio não iria mais do que seguir a sua política de atribuição de apoios ao encenador e produtor de Lisboa, Filipe La Féria.

Para contrariar esta ideia era necessário que o executivo autárquico mostrasse claramente que o projecto de La Féria era o que, entre os diversos concorrentes, melhores condições garantia de que a decisão errada de entrega do Rivoli a privados, não punha em causa de forma inequívoca, como o parece fazer, as obrigações de serviço público para o qual este teatro foi criado. Infelizmente, em vez de um anúncio claro dos resultados da consulta pública, a Câmara do Porto, preferiu os termos vagos, a exaltação contabilística e as considerações laudatórias sobre a “qualidade” das produções de La Féria.

O que continua a não se entender é como é que a proposta aprovada defende a diversidade e a qualidade que seria desejável encontrar num equipamento público. A cidade entrega o Rivoli para albergar anualmente três ou quatro produções de carácter comercial (que facilmente têm encontrado outros espaços para ser exibidas) e recebe o quê em troca?

Onde está o espaço para as produções teatrais dos grupos da cidade? Vale a pena abdicar sem hesitações da melhor sala da península ibérica para receber espectáculos de dança? Que espaço restará para o teatro de marionetas, para o novo circo? A música e não só os musicais, também terão lugar neste Rivoli privado? E quais são as garantias dadas de que as colectividades da cidade continuarão a ter no teatro municipal o seu espaço natural? E de que forma é que esta gestão se articula com os eventos que tinham no Rivoli a sua “casa”, como o FITEI ou o Festival de Marionetas? E a sua propagandeada sustentabilidade financeira, como será depois de 2007?

É a resposta para estas e para muitas outras questões que o movimento Pelo Porto- Juntos no Rivoli, não se cansará de tentar encontrar. É a vigilância atenta de um processo cheio de contornos obscuros que não iremos deixar de fazer.

Por este motivo, o Juntos no Rivoli, vem apelar à Câmara Municipal do Porto para que torne claros os critérios de selecção que levaram à sua escolha e apela ainda ao concessionário que torne público o seu projecto para um equipamento essencial da cidade.

Tencionamos ainda realizar reuniões com as candidaturas rejeitadas, com as forças políticas da Oposição e com outros elementos da sociedade civil, de forma a programar futuras acções de contestação, a uma política que diminui as perspectivas de futuro da cidade do Porto.

Porto, 21 de Dezembro de 2006
Pelo Porto – Juntos no Rivoli

Para esclarecimentos e informações adicionais queiram por favor em contacto com o movimento “No Porto – Juntos pelo Rivoli” através do nosso email juntosnorivoli@gmail.com