De: José Silva - "Outro Rio? Outro repto."
É certo que:
- - A linha da Póvoa deveria ser comboio suburbano até Viana e não metro;
- - A ligação do Metro a Campanhã poderia e deveria ser por S.Bento em vez de um túnel directo;
- - O ramal Campanha-Alfândega deveria ter sido aproveitado;
- - A construção da rede de Metro não deveria ser instrumento de valorização dos imóveis dos amigos dos autarcas;
- - Falta intermodalidade e parques de estacionamento entre IC24/VCI e estações de metro;
É ainda certo que:
- - Um dos líderes iniciais do Metro aceitou comissões de uma construtora;
- - Politicamente, Menezes está disposto a vender a alma ao diabo para subir dentro do seu partido;
- - Lino Ferreira é, segundo as entre-linhas de Paulo Morais, um traficante de influências imobiliárias que Rio teve que aceitar para poder continuar a sonhar com a liderança do PSD;
- - Rio é um cínico sempre disposto a sacrificar o Porto (PPAntas, Rivolis) para aumentar a taxa de aceitação junto do público de Lisboa;
- - Se quisermos avaliar os autarcas da AMPcentral teremos que escolher o menos mau.
Porém não posso aceitar a posição crítica de JA Rio Fernandes face ao Metro do Porto!
É que o poder central:
- - Compra submarinos desnecessários (Paulo Portas);
- - Vende a Quinta da Falagueira a amigo do Primeiro Ministro (Durão Barroso) para o comprar meses depois, com mais valias, para a expansão do metro de Lisboa;
- - Se envolve na OTA com todas as comissões que vai gerar, para quase todos os interesses envolvidos (financeiros, construtores, imobiliários, projectistas, etc.)
- - Autoriza, num governo de gestão, a compra sistema de telecomunicações milionário (Santanas Lopes) a ex-Ministro da Administração Interna (Dias Loureiro);
- - Dá o negócio da expropriação do canal do CAV a António Vitorino;
- - Dá (Durão Barroso) consultorias milionárias sobre a privatização da Galp à GSachs (do amigo António Borges);
- - Gere durante anos os prejuizos da CP, Refer, TAP e Metro de Lisboa;
O poder central não tem força moral para criticar os erros do Metro do Porto ou os podres dos autarcas da Amporto!
O que se passa efectivamente é uma competição entre Norte e Sul pelo desenvolvimento, no qual o Norte tem perdido e o Sul ganho, como provam os indicadores. E o desenvolvimento não é um assunto de estatísticas académicas para economistas se entreterem. É sim riqueza individual, poder de compra, valorização de património imobiliário, oportunidades de realização profissional e pessoal. Os Portugueses do Sul já perceberam há muito que a concentração da actividade económica e administrativa lhes traz valorização de património imobiliário, pressão no mercado de trabalho e respectivo aumento de salários, aumento da procura regional de bens e serviços e consequentes novas oportunidades de negócio em todos os sectores. Tudo o que seja desinvestir ou captar da periferia (resto de Portugal, sobretudo a Norte onde há maior densidade populacional) é bom para eles. E assim o praticaram durante anos, com Cavaco a achar que Portugal é demasiado pequeno para ter um desenvolvimento multipolar e os técnicos da CCDR LVT a dizerem que a única região de Portugal com capacidade de internacionalização é Lisboa, sabendo-se que nela predomina uma economia de bens não transaccionáveis. Note-se que no Norte, pelo contrário, a economia é de bens transaccionáveis no mercado internacional. A mentalidade colonialista e estalinista de Lisboa não é compatível com concorrência salutar entre regiões. Eles são o centro de uma espécie de «Economia-Mundo» (conceito F.Braudell) nacional e drenam todo o desenvolvimento. Por isso a Baixa do Porto é um muro de lamentações do cluster portuense da construção civil privada, Pedro Aroso para lá foi, Tiago pensa em ir e de lá não saem os que de lá querem voltar para o Porto.
A sua proposta de substituição dos autarcas desonestos/toscos e insubmissos ao poder central por novos honestos, competentes e submissos, eventualmente o próprio JARF, não é aceitável. Acreditar que o problema se resolve com mais competência e honestidade e submissão é errado. JARF, como doutorado em Geografia, sabe que escrevo verdade. É desonesto branquear o poder central. A questão não está na qualidade dos protagonistas, mas sim na desonestidade do adversário. Por muito rigorosos que fôssemos, haveria sempre de haver um motivo para nos prejudicar e os beneficiar. Essa substituição seria uma espécie de outro (Rui) Rio, onde as ambições aparelhísticas pessoais suplantariam a coerência de posições e a defesa dos interesses dos eleitores.
A solução passa por uma substituição dos autarcas por novos, honestos e competentes, mas que AFRONTEM legalmente o poder central, de forma ainda mais veemente que Fernando Gomes. Isso só pode ser feito por um candidato independente, cujos laços com os eleitores sejam mais fortes do que os laços com os pares partidários.
E lanço um repto: Que JARF se demita do PS, onde a sua reputação é prejudicada, e se lance como independente à CMPorto.
Além do mais, ao fim de tantos anos de espera, o clima sociológico só podia ter mudado:
- - Quem lidera a opinião no Porto já não é a PT/Lusomundo de Lisboa ou as televisões generalistas; Será a Porto Canal, são os blogues, é o JN novamente centrado a Norte; Todos estes são «1º nós depois eles».
- - A angariação de fundos e gestão de campanhas políticas e está facilitada pela Internet; basta contratar alguém que seja leitor da Wired (ainda deve haver no Porto);
- - As elites estão descontentes, desde a ACP, UCP, UP até aos «Culturas» e o cluster da pequena construção civil privada;
- - O descontatamento é muito com os PQT (partidos que temos);
É certo que as eleições no concelho do Porto se decidem nos bairros sociais. Mas penso também ter uma solução: prometa-lhes melhoria das condições de vida. E como? Prometa aos universitários da UP a desconcentração de serviços da administração central e captação de empresas/laboratórios de alta tecnologia se em contrapartida os universitários contratarem moradores de bairros sociais para tarefas domésticas (limpeza, jardinagem, reparações domésticas, etc). Prometa isso já. De forma a que todos incorporem nos seus comportamentos individuais este objectivo.
Capte o momento. Arrisque. Pode contar com o meu apoio. De certeza que vários leitores da Baixa também o apoiarão nesta estratégia.
Nota: A ideia de a UP apostar em unidades de I&D médicas no Porto foi defendida por economistas da FEP no último PortoCidadeRegião.
José Silva – Nortugal.Info