De: Pedro Aroso - "É preciso crescer II"
Caro Correia de Araújo
Em teoria, estou absolutamente de acordo consigo na análise que faz. No entanto, creio que está a abordar a questão da construção em altura de uma forma um pouco ingénua. Passo a explicar porquê:
1. A altura das construções é definida pelo Regulamento Geral das Edificações, pelo Plano Director Municipal e, eventualmente, por um Plano de Pormenor. Depois de aprovados, os autarcas que geram o município não podem alterar a volumetria que resulta do cruzamento e sobreposição dos parâmetros definidos nestes instrumentos de planeamento.
2. No caso do Plano Director Municipal do Porto, aprovado durante este mandato, a densidade máxima anteriormente autorizada foi reduzida para metade, contrariando inclusivamente a proposta inicial da equipa liderada pelo Arq. Manuel Fernandes de Sá.
3. Passámos por isso a ter um plano fortemente politizado, inspirado pelo ex-Vereador do Urbanismo, Ricardo Figueiredo. A melhor definição para o actual PDM foi proferida pelo Arq. Nuno Portas: chamou-lhe o PDM anorético!
4. Os resultados desta opção do Dr. Rui Rio, combinada com a astronómica subida das taxas, estão à vista:
- a. Os potenciais investidores, que até aqui ainda toleravam a demora na apreciação dos processos, desinteressam-se definitivamente pelo Porto (já sei aquilo que vai dizer o meu querido amigo Francisco Rocha Antunes…)
- b. A médio prazo, caminhamos rapidamente para a sul-americanização da nossa cidade:
- Por um lado, os ricos não deixarão de viver no Porto, porque estarão sempre dispostos a pagar.
- Por outro, Rui Rio fez da habitação social um dos seus baluartes.
- À classe média e aos jovens, não resta outra alternativa que não seja a de ir viver para a Maia, Gaia, Matosinhos ou Gondomar.
Com este cenário, como acha que o Porto pode crescer?
Pedro Aroso