De: JA Rio Fernandes - "Nem tudo que é local é bom, nem tudo o que é central é mau!"
Não merece discussão que o Metro do Porto teve bons efeitos nas nossas vidas, como noutras dimensões e mais para uns que para outros dos habitantes da metrópole, o tiveram o Estádio do Dragão, a modernização do Aeroporto Sá Carneiro, ou a Casa da Música, entre outros empreendimentos recentes. Mas não é menos verdade, precisamente por ser tão recente, que são menos aceitáveis diversos erros cometidos, como o reconhecido “atafulhamento” de linhas e composições no tramo Senhora da Hora – Rotunda da Boavista, ou as avultadas verbas gastas em espaço público, reconhecidamente exageradas face à necessidade de colocar carris e estações e proceder ao seu enquadramento urbanístico.
Dizer agora que os autarcas foram essenciais no projecto, sendo naturalmente verdade (sendo eles a maioria no órgão de decisão), significa simplesmente dizer que o foram, para o bem e para o mal (e com o dinheiro de todos). Neste segundo prato da balança, convém lembrar o incompreensível esquecimento de Gondomar, o inexplicável atraso da chegada a Gaia e a ilegalidade de obras como na Rotunda (por causa da estação de Avenida de França?) e Avenida da Boavista (para articulação com a mobilidade por carros antigos?), entre outras (onde incluiria a da Avenida dos Aliados, a “exigir” estação entre Trindade e S. Bento).
Claro que o argumento fácil – para ficar tudo na mesma – é o do contraponto ao centralismo lisboeta, de que a outra face da mesma coisa é o provincianismo portuense, que se pretende eleger como argumento inultrapassável a constatação de que o Metro de Lisboa ainda é pior, o que faz lembrar aquele enorme argumento de autoridade científica que é dizer aos defensores da regionalização que estão a querer multiplicar os albertos joões jardim! Mas não poderá a administração da metro ter gente mais competente que autarcas, auscultando até a opinião destes? Carlos Lage é assim tão má escolha do centralismo? E a direcção da APDL é só composta de lisboetas obedientes à capital?
Além do mais, importa lembrar, para evitar o populismo em que caiu a crítica fácil dos boys socialistas (sobretudo por parte de amigos de boys do PSD), que um elemento indicado pelo PSD e depois afastado por não entrar no “frete” dos popós da Boavista, o Dr. Amorim Pereira, não será má escolha, nem os administradores nomeados por outros governos para a TAP, a RTP ou a Direcção Geral de Impostos. Porque é que tem de ser centralista, incapaz e cheia de boys a administração que vier a suceder à reformulação que o governo pretende empreender? Mas não é evidente que o que existe é melhorável? E porque é que se defende a Junta Metropolitana? Que faz ela afinal? No Metro, eu sei: nada! Quem faz – e bastante – são alguns presidentes (só alguns e também um ex.) interessados em definir prioridades e conseguir mais uns arranjitos urbanísticos (entre outras coisas).
Afinal todos queremos reformas mas, quando elas chegam, não agradam! Apesar de as reformas com unanimismos raramente serem reformas, também entendo que era bom sermos muitos a tentar colocar melhor o que é melhorável, incluído, claro está, o Metro de Lisboa.