De: Cristina Santos - "A entrevista"

Submetido por taf em Sexta, 2006-12-08 17:46

À partida seria motivo de orgulho o facto do Presidente da CMP ser entrevistado no programa Grande Entrevista, só não o é porque a entrevista não se fincou no trabalho feito, mas sim nas polámicas criadas. Rui Rio bem pode agradecer aos manifestantes do Rivoli que o empurraram para a fama, sem essa oposição nunca teria sido chamado a dar opinião.

O facto de Judite de Sousa não conhecer as questões do Porto é uma consequência directa da estratégia que Rui Rio tem promovido ao boicotar a informação. Se nós próprios desconhecemos as ideias da equipa e dos vereadores em particular, é natural que os de fora não conheçam nada, primeiro porque o Porto não é atractivo, segundo porque o Presidente da Cidade se nega a falar sobre o futuro, para evitar compromissos.

Esse facto foi bem patente em toda a conversa, o Presidente maioritariamente referiu-se ao Porto no passado - «Quando eu nasci», «Há 40 anos que ouço», «Quando eu chequei à CMP», «Quando fui deputado» - do futuro nada se ouviu, repare-se no remate do Presidente quando olhou o auxiliar de emissão e percebeu que o tempo estava esgotado e imediatamente se propôs a falar do Porto, quando sabia perfeitamente que já não restava tempo.

Há contudo, uma linha de raciocínio com a qual concordo, quando o Presidente diz que é cedo para avaliar o trabalho do Governo, quando diz que devemos tentar auxiliar em vez de obstar aos planos daqueles que foram eleitos, concordo em pleno. Só que no caso do Porto há uma pequena e enorme diferença, o Sr. Dr. Rui Rio não está há um ano na Câmara, está há 5 anos. Durante os primeiros 4 anos mereceu o incentivo e o apoio de muitos de nós que de facto esperavam mais dele, que esperavam que ao fim de 4 anos não houvesse necessidade de abdicar do cumprimento de necessidades básicas como a higiene da Cidade, como a iluminação, como o trabalho dos SMAS, como a ridicularia de cortar 100 mil euros em subsídios, quando pagará o triplo a conceder apoios em géneros.

O Dr. Rui Rio pode vir dizer que não consegue trabalhar, que são todos contra ele, mas não pode esquecer que lhe deram 4 anos, que ele pegou na maioria conseguida, muito em parte devido a esses apoios, e em vez de trabalhar incitou vinganças pessoais, para as quais não tem justificação senão a sua sensibilidade pessoal para a democracia.

Como perguntou e bem Judite de Sousa, onde pretende Rui Rio chegar ao cortar 100 mil euros de subsídio, o que quer provar, qual é o objectivo? Nós podemos perguntar onde pretende chegar ao não recolher o lixo, ao transformar os SMAS, tudo isso estava organizado nos primeiros 4 anos, recebeu força da população para remediar esses aspectos, qual é o objectivo?! Chegar à polémica e daí chegar à Televisão?!

Rui Rio diz que quando as pessoas perceberem que todos são tratados de forma igual, faz-se democracia. Quer uma prova em como V. Exa. não faz as coisas de forma transversal, como julga uns e não julga outros? O que é que o Sr. pensa do papelão da sua amiga D. Laura, onde está o dinheiro que juntos conseguiram para o comércio tradicional, onde estão as luzes de Natal, os enfeites, os apoios para o comércio natalício, essa instituição não merece julgamento Dr. Rui Rio, acha que está bem assim?

O Dr. Rui Rio tem razão num último ponto, diz que nunca viu um Governo cair ao fim de um ano após a eleição a menos que cometa um grave erro. Pois é, depois de serem eleitos ficam inimputáveis, com liberdade para usarem a democracia da forma que entenderem.

Da minha parte não sei por onde o Dr. vai, nem por onde quer seguir, só não entendo porque é que o Porto tem necessidade de cortar nas necessidades básicas e, enquanto não revelar o seu plano, trarei aqui todos os flagrantes dessas necessidades, para o ajudar a rever-se a si próprio depois de 4 anos à frente da Cidade.

Quem tem um projecto, quem sabe por onde vai, não teme críticas, não hesita falar, porque tem respostas, sabe muito bem por onde seguir, a competência é a única arma mortal para a concorrência.
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Cristina Santos