De: Pedro Aroso - "O Crime Compensa"

Submetido por taf em Quinta, 2006-11-16 18:18

Caro Vereador
Dr. Lino Ferreira

Agradeço a sua disponibilidade para me receber. No entanto, creio que a carta enviada ao director do Jornal de Notícias é bastante esclarecedora, não fazendo por isso sentido deslocar-me ao seu gabinete.

Gostava de aproveitar a oportunidade para lhe dizer que não aprovo a atitude do meu colega de Lisboa (que não conheço pessoalmente), mas que compreendo perfeitamente a sua opção.

É sabido que na Câmara do Porto só existe uma forma expedita de aprovar os processos num curto espaço de tempo, isto é, entregando os projectos a funcionários da autarquia. A alternativa consiste em executar a obra clandestinamente, aguardar a visita do fiscal e suborná-lo. Naqueles casos em que a situação é demasiado escandalosa, é o próprio fiscal a despoletar o processo de legalização, recorrendo para o efeito à colaboração de outros funcionários da autarquia. O Dr. Rui Rio tem conhecimento de alguns casos que lhe foram relatados logo no início do primeiro mandato.

Dir-me-á que a situação mudou e que isso já não acontece. E eu pergunto: então por que motivo continuamos a assistir diariamente à adulteração de fachadas de edifícios (marquises em varandas e recuados) perante a total indiferença da CMP? E por que será que as denúncias desses casos são de imediato abafadas? Se quiser posso dar-lhe alguns exemplos. Na minha rua (Gondarém) encontra dezenas deles, até mesmo em edifícios projectados por arquitectos da CMP, que não parecem minimamente ralados com isso.

Com os melhores cumprimentos
Pedro Aroso