De: Matteo Tiepolo - "Experiência de projectista" 

Fiz parte da equipa projectista de numerosas obras subterrâneas, entre as quais linhas dos metros de London, Munich, Santiago do Chile, Hong Kong, Wien e Istanbul, e sou ainda consultor em alguns projectos deste tipo.

Então considero de poder ser considerado na execrável categoria dos “técnicos”. Em qualidade de técnico posso dizer que a diferencia de conforto e de “aspecto” entre metro de superfície tipo Porto e eléctrico “moderno” é mínima. A diferencia principal é que o metro tem que circular em uma própria via dedicado e exclusivo, com as duas direcções no mesmo canal. O eléctrico até pode ter as mesmas carruagens do metro do Porto, mas se divide a via com outros meios ou corre em dois canais separados (como no viaduto da marginal) não pode ser definido metro.

A solução proposta por TAF se chama “Bus Rapid Transit” que é sem duvida a mais adequada para a Avenida da Boavista. Se algum é interessado a saber algumas coisa mais precisa acerca das alternativas, dos custos e das experiências internacionais sem ser especialista, aconselho visitar este site:
http://www.gobrt.org/SourcebookMassTransitOptions.pdf.

Outro argumento que precisa esclarecer é que os túneis não são muito mais caros de realizar canais dedicados em superfície. Os custos sociais das expropriações, os custos acarretados das barreiras físicas realizadas e os custos ambientais, se contabilizado junto ao custo da construção, são tais que quase sempre rendem mais rentável a solução em subterrâneo. Apesar de algumas experiência positiva, na grande maioria dos casos o metro em superfície foi abandonado para passar ao subterrâneo ou limitando-o aos troços em periferia. No metro subterrâneo os custos de construção são concentrados nas estações mineiras, o túnel ao quilometro custa sensivelmente menos do custo ao quilometro orçamentado pela linha laranja.

Mas o cerne da questão é um outro: O metro tem sentido para ligar áreas da cidade não ligadas em superfície, onde existe uma artéria é sempre preferível intervir nesta para permitir o passagem de um transporto de superfície (a sua ideia de autocarro a hidrogénio é óptima).

Ultimo remarque acerca da linha laranja que desde inicio espantou-me: se precisa atravessar o parque da cidade, porque o fazer com um viaduto, que custa, que há impacto ambiental e visual perene, quando um túnel cut&cover nunca poderá ser mais caro que construir um viaduto (de um arquitecto famoso ainda per mais) e que não perturbará a vista dos nossos netos? Não penso que seja uma pergunta que surja só na mente de um “técnico”

Matteo Tiepolo

(original aqui)

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