De: F. Rocha Antunes - "Parque da Cidade: o barato é fazer o túnel"
Caro Zé Pulido,
Gosto de te voltar a ler por aqui. O nome que deste à coisa da Rotunda de Matosinhos, o coador, está magnífico. Como és um homem das artes deves saber que aquele edifício ao lado, ao qual alguém um dia chamou transparente, foi encomendado para ser mesmo aquilo, uma coisa sem outra função que não a que de fazer, tanto quanto me recordo, o "remate do parque com o mar". Já não me lembro bem quem encomendou a coisa, mas é tudo gente que está por aqui e que há uns anos se transformaram nos campeões do "assobiar para o ar" porque sempre que se discute o assunto nunca baixam ao terreiro para "defender a sua dama". Lembro-me do Arq.º Solá Morales ter vindo ao Porto de propósito para confirmar a encomenda que lhe tinham feito porque não tinha entendido bem e lhe parecia que o edifício não servia para nada. Os encomendadores esclareceram o ilustre arquitecto: servia precisamente para o tal "remate do parque com o mar". Lembras-te disto? É que essa coisa custou muito dinheiro e foi feita de propósito, ao contrário do que hoje se possa pensar. Não se poderá simplesmente demolir a coisa?
Depois há aquele pequeno detalhe, que todos olimpicamente evitam, de estarmos a falar de terrenos privados que foram expropriados mas que, ao que sei, ainda não foram pagos. Vamos ver qual é o custo final para os cidadãos do Porto e nessa altura fazemos o balanço das opções tomadas.
A melhor forma de fazer o atravessamento do metro pelo Parque da Cidade é através de um túnel na zona onde o impacto seja menor e que garanta que a fruição do parque em nenhum momento é beliscada, a não ser durante as obras, evidentemente. Além de um impacto nulo, garante-se uma ligação eficiente porque rápida entre o centro de Matosinhos e o centro do Porto. Este factor tem sido muito sacrificado à fantasia da circulação à superfície em meio urbano, mas se o metro não for eficiente, e isso quer dizer rápido, não passa a ser a alternativa desejada ao trânsito automóvel. E o seu custo não é significativo, já que presumo que o enterramento se pode fazer em trincheira, o que não exige nenhuma tuneladora.
Abraço
Francisco Rocha Antunes