De: JA Rio Fernandes - "GaiaPorto, outra vez?"
O debate sobre a criação do município de GaiaPorto (primeiro deve aparecer o município com mais habitantes, não é?) apanhou-me fora, pelo que não pude acompanhar os argumentos, nem ter o gosto de aceder ao convite da PortoCanal. Todavia, duvido que existam novidades relativamente ao que se debateu há uns anos (repegado pela revista O Tripeiro em 2006), se exceptuarmos o que se acrescenta como o resultado de um quase desespero por estar tudo parado na principal cidade do Norte de Portugal (à excepção de carros antigos e aviões).
O essencial do problema não é a dimensão do(s) município(s), mas sim os autarcas e as suas políticas (e também escassez de recursos), mais ainda quando não acompanhamos a maioria dos que votam na sua decisão ou mais ainda quando descremos das alternativas. Daí a tendência para criar cenários que possam romper com o status quo. Percebe-se! O que não se percebe, é como se poderia juntar todo o município de Gaia ou apenas a sua parte histórica (criando de caminho o município de “resto de Gaia”?) e manter de fora a maior parte da metrópole (Matosinhos, Maia, Valongo e Gondomar) que, junto ao Porto, são tão urbanas como Vila Nova de Gaia. Será que ainda pensamos que a cidade é apenas a sua parte histórica? E que acudir ao tecido antigo pode ser feito sem ser no quadro de um esforço da cidade alargada, apoiado por medidas de política à escala nacional? Afinal, já percebemos que de nada adiantará ao autarca de GaiaPorto decidir que não quer o segundo El Corte Inglês, se ele ficar em São Mamede de Infesta, Pedrouços ou Ermesinde. Pela mesma razão percebemos muitas outras coisas que obrigam a uma conciliação que trate não apenas os territórios de ambas as margens do Douro, como dos dois lados da Circunvalação.
Sobre o assunto, mantenho o que escrevi e que saiu publicado no Tripeiro (texto que anexo, com desculpas por algumas notas e acrescentos da altura); sobre a necessidade de coordenação multimunicipal, defendo a fusão de competências (e não de municípios ou uma sua parte) como uma primeira fase, antes da eleição de um “mayor” do Grande Porto, no modelo londrino. Nesse sentido, a lei do SE Eduardo Cabrita que estará para aprovação em Setembro não vai tão longe como eu gostaria, mas, mesmo assim, o conservadorismo dos autarcas já reagiu ferozmente (Ruas e Rio incluídos), com excepções notáveis, como a do Presidente da Câmara de Matosinhos que percebeu o alcance da proposta, que no essencial propõe a transferência para as áreas metropolitanas de Porto e Lisboa do modelo de governação da União Europeia, com um presidente a tempo inteiro, mas onde de facto o poder está muito dependente do conjunto dos primeiros-ministros (que aqui são os presidentes de câmara).